Arte e Cultura

Guerra do acarajé: Evangélicos comercializam petisco de origem africana em Salvador sem seguir regras

Decreto da prefeitura diz que a vestimenta de bata, saia e touca é obrigatória. O quitute é um patrimônio cultural da Bahia, tombado pelo IPHAN


29/10/2021 22h30

A convivência da multiplicidade de religiões existentes foi um dos assuntos do Estação Livre desta sexta-feira (29), que teve como tema principal a fé. O programa exibiu uma reportagem sobre a “guerra do acarajé”, um conflito que acontece em Salvador pela venda do alimento de origem africana feita por evangélicos.

Leia mais: “Uma igreja que insiste em um Jesus loiro não está a favor da verdade”, diz Frei

A comunidade afro-brasileira acusa esses cristãos de apropriação cultural, já que o quitute é patrimônio da Bahia, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Por isso, existem regras para sua venda, como a obrigatoriedade da vestimenta típica das baianas, no entanto os evangélicos não cumprem esses regulamentos e ainda rebatizaram o acarajé de “bolinho de Jesus”.

Dulce Maria de Jesus, baiana do acarajé, explicou que antigamente o petisco só podia ser vendido por membros do Candomblé. “É uma oferenda feita para Iansã, o dinheiro era usado para fazer a festa da santa, da orixá.”.

Ainda segundo Dulce Maria, a questão maior não é a venda por pessoas de outras religiões, mas sim o descumprimento de regras. “A nossa luta é para que as baianas se vistam de baianas, que usem seus adereços e sua vestimenta. Elas relutam com relação a isso”.

O vendedor evangélico, Leonardo Coelho, contou a versão do outro lado da história. Para ele, o Brasil mudou e as roupas não trazem um significado com elas.

“Com o dinheiro do acarajé, eu sustento quase oito pessoas. Eu não vou vestir uma roupa a qual eu não vou me sentir bem. Não é isso que o meu Espírito Santo quer para mim”.

Outra vendedora argumenta que seria desrespeitoso usar os trajes do Candomblé sem seguir as crenças. “Tem a questão das cores, dos colares, que não representariam para a gente o que representa para eles”.

Porém, o decreto da prefeitura de Salvador diz que o/a baiano/a do acarajé tem que estar de bata, de saia e de touca.

Veja a reportagem completa:

Leia também: Segundo pesquisa, discriminação racial nos estádios prejudica desempenho de futebolistas negros

Assista ao programa na íntegra:

O programa Estação Livre é apresentado pela jornalista e empreendedora Cris Guterres, considerada pela revista Forbes uma das criadoras de conteúdo mais inovadoras de 2020. Feita por uma maioria de mulheres pretas, a atração tem a missão de valorizar a cultura negra, a rica diversidade do Brasil e trazer a sociedade para repensar e ajudar a reconstruir um país mais justo para todos.

ÚLTIMAS DO FUTEBOL

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Eleições 2022: Título eleitoral pode ser solicitado de maneira online

Plano contra letalidade policial do RJ não atende exigências do STF

Biden vai para Rzeszow, cidade polonesa que fica a 80 quilômetros da fronteira com a Ucrânia

Bolsonaro ironiza ação do MPF sobre ‘Wal do Açaí’: "Tem mais gente, vai passar do milhão"

Rio de Janeiro continua vacinação infantil e de demais públicos contra a Covid-19