21 cientistas brasileiros renunciaram à Ordem Nacional do Mérito Científico, homenagem recebida nesta semana, após o presidente Jair Bolsonaro retirar a condecoração de dois pesquisadores que estavam na lista de homenageados.
São eles, a diretora da Fiocruz Amazônia, Adele Schwartz Benzaken, Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda, pesquisador da Fundação de Medicina Tropical "Doutor Heitor Vieira Dourado".
Ambos eram contrários ao uso da cloroquina no tratamento de pacientes com Covid-19. O medicamento é comprovadamente ineficaz no combate à pandemia, mas segue defendido por Bolsonaro e seus apoiadores.
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Em carta aberta, os cientistas repudiam a exclusão dos dois colegas e citam o fato da decisão ter sido tomada menos de 48 horas depois da publicação inicial, o que segundo os pesquisadores torna a atitude “ainda mais condenável”.
"Mais uma clara demonstração de perseguição a cientistas, configurando um novo passo do sistemático ataque à Ciência e Tecnologia por parte do Governo vigente”, afirmam os pesquisadores.
Ainda segundo a carta, eles não compactuam com o negacionismo e os cortes de orçamento para as verbas destinadas à ciência e à tecnologia, preferindo assim, não receberem a premiação.
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Confira um trecho da carta:
“Consideramos, portanto, gratificante nossa presença nessa lista, e ficamos extremamente honrados com a possibilidade de sermos agraciados com um dos maiores reconhecimentos que um cientista pode receber em nosso país. Entretanto, a homenagem oferecida por um Governo Federal que não apenas ignora a ciência, mas ativamente boicota as recomendações da epidemiologia e da saúde coletiva, não é condizente com nossas trajetórias científicas. Em solidariedade aos colegas que foram sumariamente excluídos da lista de agraciados, e condizentes com nossa postura ética, renunciamos coletivamente a essa indicação”.
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