Fundação Padre Anchieta

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Montagem/TV Cultura
Montagem/TV Cultura

A Lei de Cotas e a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) garantem direito de trabalho para pessoas com algum tipo de deficiência física, sensorial, intelectual ou mental. Entretanto, a inclusão e a oportunidade no mercado de trabalho não é uma realidade para muitas delas.

A situação pode trazer malefícios ao PIB do país. Segundo o relatório “A Inclusão de Pessoas com Deficiências na América Latina e no Caribe: Um Caminho para o Desenvolvimento Sustentável”, realizado pelo Banco Mundial, a exclusão de pessoas com deficiências do mercado de trabalho e da educação podem representar uma perda de 3% a 7%.

Em entrevista ao site da TV Cultura, a criadora de conteúdo digital Mellina Reis, 38, afirmou que o cenário melhora aos poucos, entretanto declarou que “as empresas contratam por causa da lei de cotas, mas na maioria das vezes buscam trabalhadores com limitações mais 'leves' para que não precisem investir tanto em acessibilidade ou ter tanta dificuldade”.

Ela ainda apontou que dificilmente essas pessoas são vistas em cargos altos no mercado de trabalho. “Todo o meu período dentro de empresas nunca deixei de ser assistente administrativa. Mesmo com responsabilidades maiores nunca tive uma oportunidade de crescimento profissional”, disse.

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Em conversa, a escritora e jornalista Amália Barros revelou conhecer um senhor de 60 anos que dirigia caminhão e que, ao perder o olho, também ficou sem emprego. “Você acha que se uma moça sem olho e sem condições de colocar uma prótese for pedir emprego para trabalhar como vendedora de loja, caixa de supermercado ou qualquer outra atividade, receberá a oportunidade?”, questionou.

Da noite para o dia, ela acordou sem visão do olho esquerdo por uveíte, doença inflamatória que pode comprometer totalmente a úvea ou uma de suas partes.

“Acho que só hoje tenho noção de tudo que passei. Sempre achava que numa próxima consulta ou numa próxima cirurgia as coisas melhorariam. Foram mais de 10 cirurgias que deram errado, mas nunca perdia a esperança”, disse.

Contribuições

A constatação levou à retirada do olho de Amália, e a situação a estimulou a iniciar uma campanha nas redes sociais para pagar prótese àqueles que não tem condições e conseguiu sancionar a Lei 14.126 batizada de “Lei Amália Barros”.

Sancionada no dia 22 de março de 2021, ela viabiliza o reconhecimento legal das pessoas com visão monocular na qualidade de pessoa com deficiência (PCD) sensorial do tipo visual.

No dia 1º de dezembro, ela lançou o livro “Se Enxerga”, onde aborda história de vida e conquista do reconhecimento de direitos para os monoculares. “Precisamos acreditar em nós, na nossa capacidade e que merecemos conquistar o que desejamos. Desejo que as pessoas entendam que muitas vezes o nosso maior problema, será o maior troféu”, disse.

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Mellina tem distrofia de cones e bastonetes, uma doença que está na vida dela há 24 anos e que afeta as células fotorreceptoras (sensores de luz) responsáveis ​​pela captura de imagens do campo visual.

“Quando descobri tinha 14 anos. Foi preocupante, mas pela idade e como não me afetava em muita coisa, foi um pouco indiferente, só que como é uma doença progressiva, perdi a visão com o tempo”. Atualmente, ela apresenta cerca de 3% de visão.

Viagens pelo mundo

Nas redes sociais, ela compartilha acontecimentos do dia a dia e viagens que realiza pelo mundo com a companhia do cão-guia Hillary. Até agora, viajaram nove países, 10 estados e mais de 100 cidades.

Formada em turismo, sempre gostou de viajar desde criança, entretanto, quando a doença agravou, deixou de realizar isso sozinha para ir acompanhada de outras pessoas. Porém, tudo mudou com a chegada da companheira canina em 2014.

“Ter um cão-guia muda muito a qualidade de vida e independência. Tenho muito mais segurança de fazer coisas com ela do que eu tinha com a bengala, que nunca utilizei para viajar sozinha. Acho que não teria coragem de fazer todas as coisas que fiz sem a Hillary”, revelou.

Acessibilidade

Ao falar sobre acessibilidade nos lugares que visitou, Mellina explicou que na sua perspectiva não existem lugares 100% preparados para receber PCDs. “As vezes sinto que preciso ir aos lugares pela primeira vez, mostrar que eu existo, que pessoas com deficiência viajam, fazemos compra em mercado, que somos independentes para fazer as coisas sozinho e que não precisamos obrigatoriamente estar 100% do tempo com alguém”.

Já Amália, destacou que falta acessibilidade para todas as pessoas com deficiência no Brasil, não só para os deficientes visuais. “Acredito que o primeiro passo é a união entre todas as pessoas com deficiência, pois isso infelizmente não acontece. O que precisamos entender é que todos somos diferentes, não existe mais ou menos deficiente”, finalizou.