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“A prostituição é uma forma de viabilizar a nossa existência”, afirma mulher trans

Estação Livre falou sobre as dificuldades da população transgênera


04/02/2022 22h30

O Estação Livre desta sexta celebrou o Dia da Visibilidade Trans, comemorado no dia 29 de janeiro, falando sobre as dificuldades que essa população enfrenta no Brasil, país que mais mata transgêneros no mundo.

Com os preconceitos enfrentados, as pessoas trans encontram problemas para se alocar no mercado de trabalho. Como alternativa, muitas seguem o caminho da prostituição.

Kamille Santos conta relatos de agressões sofridas como garota de programa.

“A gente corre risco de vida, muita humilhação. As pessoas passam com brincadeiras de jogar ovos, muitas ofensas [...] Eu já presenciei momentos de loucura, até mesmo de mortes”, disse Kamille.

Em um de seus livros, a escritora Amara Moira descreveu a prostituição para travestis como a trincheira no meio de uma guerra. Ela explicou a comparação:

“A prostituição era uma forma da gente viabilizar nossa existência. Quando todos nos queriam mortas, a prostituição foi permitindo que a gente vivesse mais um dia. Se eu estou aqui hoje sendo ouvida, é porque gerações de travestis pagaram esse preço.”

A coordenadora de projetos da Casa Neon Cunha, Simmy Larrat, explica que as pessoas trans se prostituem por falta de opção.

“É uma condição que começa com a exclusão da família. Você precisa sobreviver e sai de casa, da escola. Não tendo uma formação, você não consegue emprego e recorre à prostituição”, afirmou.

Simmy ainda aponta hipocrisias por parte da população brasileira. Segundo ela, apesar do país apresentar o maior número de assassinatos de pessoas trans, os sites pornográficos indicam uma alta procura de conteúdo transgênero. “A gente serve para o prazer, mas não para estudar e trabalhar com essas mesmas pessoas”.

Veja a reportagem completa:

Leia também: Conheça a primeira igreja trans do Brasil, localizada no centro de São Paulo

Assista ao programa na íntegra:

O programa Estação Livre é apresentado pela jornalista e empreendedora Cris Guterres, considerada pela revista Forbes uma das criadoras de conteúdo mais inovadoras de 2020. Feita por uma maioria de mulheres pretas, a atração tem a missão de valorizar a cultura negra, a rica diversidade do Brasil e trazer a sociedade para repensar e ajudar a reconstruir um país mais justo para todos.

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