O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub disse, nesta segunda-feira (12), que recebeu uma determinação do presidente Jair Bolsonaro (PL) para que “entregasse” a chefia do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE) ao bloco do Centrão.
A declaração foi realizada em entrevista à CNN. O ex-ministro da Educação afirmou que o pedido aconteceu em maio de 2020. O pedido foi concretizado em junho, no mês seguinte, quando Marcelo Lopes da Ponte, ligado ao ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), como presidente do FNDE.
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“Quem vai me dar uma ordem dessas? O meu chefe. Ele falou: você vai ter que entregar o FNDE pro Centrão e eu falei: presidente, não faça isso. E eu fiquei adiando o máximo que eu podia, fiquei adiando. Eu subi toda a governança, as regras, do processo decisório do FNDE. Tentei, inclusive, fazer um conselho, um board decisório pro FNDE não ficar… Para o presidente do FNDE não se reportar só ao ministro da Educação, se reportar ao ministro da Economia e ao da Casa Civil. Na época era o Braga Netto. Tentei, o Braga Netto não quis”, disse na entrevista.
O ex-ministro ainda defendeu o presidente Jair Bolsonaro. Weintraub acredita que o chefe do Executivo não tem envolvimento com o caso.
“Eu não acho que o presidente esteja envolvido nisso, mas ele deixou entrar gente errada dentro do governo. E essas pessoas erradas que aprontaram no passado eu acho que tem uma probabilidade alta de terem aprontado de novo”, completou.
Ainda durante a entrevista, o ex-ministro contou que entregou à Polícia Federal (PF) e ao Ministério Público (MP) documentos que podem comprovar irregularidades na pasta da Educação.
“Quando eu entrei lá, eu comecei a ver os esqueletos do passado. Fui juntando documento e protocolando. Então, assim, você vê desde livro didático com preço errado, você vê gráfica, problema da gráfica e aí já apareceu né. Uma das coisas que já apareceram foi o Enem superfaturado”, declarou.
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