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Reprodução/ instagram @bienaldolivrosp
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Após uma edição cancelada devido a pandemia da Covid-19, a 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo aconteceu entre os dias 2 e 10 de julho. Considerada “a Bienal das Bienais”, o evento deste ano bateu o recorde de visitantes, 660 mil pessoas visitaram o Expo Center Norte.

O espaço de 65 mil metros quadrados abrigou 182 expositores, nove espaços culturais, além disso, passaram pela Bienal 300 autores nacionais, 30 escritores internacionais e cerca de 500 selos editoriais. De acordo com a organização, foram mais de 1.500 horas de programação.

Duas semanas após o encerramento do evento, o presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Vitor Tavares, conversa com exclusivamente com o site da TV Cultura. Tavares celebra os números e afirma que os preparativos da edição de 2024 já estão em andamento.

Por conta da crise sanitária causada pelo coronavírus, a edição marcada para 2020 não aconteceu em São Paulo. A ansiedade após quatro anos sem a maior exposição de livros na cidade fez com que a 26ª Bienal se tornasse a maior da história. Influenciada pelos booktokers e booktubers, canais nas redes sociais que falam sobre livros. O evento foi marcado pela presença de crianças, adolescentes e jovens.

Diferente dos outros anos, o evento aconteceu em julho, mês de férias. O presidente da CBL destacou que havia uma preocupação da organização, uma vez que nunca houve uma bienal em época de recesso escolar.

“Quando termina uma Bienal, você já começa a preparar a próxima. Não tivemos a edição. A gente não sabia o que fazer, foi uma tomada de decisão bastante difícil para diretoria da câmara brasileira falar que não ia ter a Bienal de 2020. Mas naquele momento não tinha outro jeito. Também estávamos em uma expectativa de que seria no mês de férias. Pensamos ‘será que as escolas virão? Será que vamos ter público?’ E olha foi uma experiência bastante exitosa”, destaca.

Segundo dados da organização, mais de 60% dos visitantes foram de pessoas jovens.

Convidados

A 26ª Bienal de São Paulo também foi marcada pela diversidade entre os convidados. O evento contou com Laurentino Gomes, Aline Bei, Conceição Evaristo, Itamar Vieira, Mauricio de Sousa, Mario Sergio Cortella, nomes renomados da literatura brasileiro. No entanto, rostos mais novos também fizeram parte da exposição: Thalita Rebouças, Babi Dewet, Paula Pimenta, Bruna Vieira e Luiza Trigo são cientistas.

A bienal ainda contou com a presença do técnico do Palmeiras, Abel Ferreira. Segundo o Vitor Tavares, as redes sociais foram importante

“As redes sociais atraiu muita gente. Para o público, principalmente para aqueles que vão pela primeira vez, tem que ser uma experiência exitosa, tem que ser uma experiência gostosa, senão fica algo negativo na memória. O influenciador digital, agora nós temos o booktoker, que são influenciadores que acabam fazendo seus livros nas suas redes sociais. Esse pessoal atrai muita muita gente e somente crianças e jovens adultos”, acrescenta.

A internet, segundo o presidente da ABL, foi importante para que o evento batesse o recorde de visitantes. Pela primeira vez, os ingressos da Bienal foram esgotados, a decisão aconteceu para que o espaço não tivesse superlotação.

Victor explica que a determinação foi tomada na sexta-feira, dia 8. “A internet a tecnologia nesse ponto nos ajudou. Nós já sabíamos que pelo sábado (9) e domingo (10) tínhamos ali vendidos 110 mil ingressos pagantes, que teriam que ir. A gente não podia vender mais do que o pavilhão suporta. Ele não suporta no mesmo momento mais do que 30 mil pessoas. A pessoa quando vai para bienal, ela quer ver tudo, quer passar nos espaços temáticos”, afirma.

Somente no último final de semana do evento mais de 100 mil pessoas visitaram o Expo Center Norte.

“Foi uma decisão muito acertada da Câmara Brasileira de Livros, de parar as vendas dos ingressos a partir de sexta-feira. Foi algo que ficou na história. A gente fala que foi a ‘Bienal das Bienais", celebra Vitor.

A quantidade de visitantes também impactou na venda dos exemplares. Dados da organização mostram que três milhões de livros foram colocados à venda. A média de obras adquiridas foi de sete por pessoa.

As editoras também comemoram as vendas durante a Bienal. O Grupo Editorial Global emitiu o balanço de 100% a mais de livros comercializados sobre o saldo de 2018. Grupo Editorial Global emitiu o balanço de 100% a mais de livros comercializados sobre o saldo de 2018. A HarperCollins Brasil superou as metas ao vender 253% de livros nesta edição da Bienal.

Em relação à edição que ocorreu em 2018, a Edições Loyola registrou crescimento médio de 30%. A Rocco Editora teve um crescimento de 185% nas vendas durante a Bienal, no comparativo com a edição anterior do evento. As Edições Sesc registraram 40% de aumento no conjunto de livros.

Os dez livros mais vendidos foram: É Assim Que Acaba, de Colleen Hoover (Record /Galera – na Grande Livraria); Box Colleen Hoover (Record/Galera – no estande da editora); Eu Beijei Shara Wheeler, de Casey McQuinston (Companhia das Letras/Seguinte); O Priorado da Laranjeira: A Maga, de Samantha Shannon (V&R); Em Águas Profundas, de FT Lukens (Faro Editorial); A Noiva do Deus do Mar, de Axie Oh (Melhoramentos); O Diário de Uma Princesa Desastrada, de Maidy Lacerda (Planeta); Manual de Assassinato Para Boas Garotas, de Holly Jackson (Intrínseca); A Temperatura Entre Eu e Você, de Brian Zepka (Buzz); A Hipótese do Amor, de Ali Hazelwood (Sextante/Arqueiro); Torto Arado, de Itamar Vieira Junior (Todavia); Mulheres Que Correm Com Lobos, de Clarissa Pinkola Estés (Rocco) e Flores de Alvenaria, de Sergio Vaz (Global).

Brasileiro e a leitura

Segundo o levantamento realizado pelo 13º Painel do Varejo de Livros no Brasil, pesquisa feita pela Nielsen BookScan e divulgada pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) em janeiro deste ano, em 2021 houve um crescimento de 29,3% no volume de livros vendidos em todo o país, na comparação com o ano de 2020.

Foram vendidos 55 milhões de livros em 2021, que movimentaram R$2,28 bilhões. Em 2020 foram 42 milhões de exemplares comercializados. O crescimento da venda de livros acontece no momento do isolamento social causado pela pandemia. Além disso, também houve uma maior atuação dos e-commerces.

Segundo a Neotrust/Compre&Confie, em 2020, foram realizadas 14,2 milhões de compras online da categoria, valor 44% maior em relação ao ano anterior.

O presidente da CBL fala sobre o aumento de vendas de livros pelo e-commerce e como o mercado afeta o faturamento das livrarias.

“A gente sempre tem preocupações. O livro é um produto muito sensível, ele é muito ameaçado não só pelas vendas agressivas de alguns e-commerce, mas também a gente sabe que ele recebe ameaças. O livro também tem que lutar por isso. A questão da venda pela internet, eu não vejo isso como um mal. O problema maior é quando tem aquela comercialização agressiva fazendo um livro um produto de atrair público para o seu site, para o seu e-commerce, e simplesmente acaba prejudicando quando você vende o mesmo produto de forma muito agressiva, você acaba prejudicando até a própria editora”, diz.

Voucher e incentivo à leitura

Uma das iniciativas desta edição da Bienal foi a Secretaria Municipal de Educação (SME) distribuir o voucher no valor de R$ 60 para aquisição de livros. Professores, coordenadores pedagógicos, diretores, supervisores e alunos das redes estaduais tiveram direito.

O voucher destinado foi de R$ 7,2 milhões, durante os nove dias da Bienal. “Essa ação não é inédita. É escolher livros, e escolher o que ele gostaria de ler, e sair dali com três ou quatro exemplares. Eu tenho certeza que quando você alguém te indica um livro, você começa a ler, e se você gostou do seu primeiro livro, ele vai ser não só o primeiro. É o primeiro de vários livros que a gente faz por meio desse incentivo. A gente acaba criando e formando os leitores. Não leitores por obrigação leitores, mas por opção, e principalmente pelo prazer da leitura”, acrescenta.

Bienal 2024

Com exclusividade, Vitor fala sobre a Bienal de 2024. Segundo o presidente da CBL, a organização deve manter o mês de julho para a realização do evento.

“Eu acho que o mês que vai acabar ficando. O pessoal gostou. E é uma atração, né? É um passeio cultural de férias. Nem todo mundo viaja nas férias e muitos viajam para São Paulo. São Paulo recebe muita gente nas férias e acabam vindo também pra cá. Então o mês foi acertado”, conta.

“Estamos em avaliação, dos pontos positivos e os pontos negativos. Temos três pretendentes a é países para que tão querendo ser convidados de honra. Temos o Canadá, o Japão ou um país da África. Temos bastante coisas para trabalhar, mas em menos de um ano a gente já começa já dizer como é que vai ser o que vai acontecer na próxima Bienal. Eu acho que vai ser boa como essa porque. A cada Bienal que passa, eu tenho certeza que a gente está ajudando, a gente está contribuindo para formar novos leitores. Se a gente forma novos eleitores, significa que nós vamos ter mais gente na próxima edição", conclui.