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Depois de mais de dois anos e meio do início da pandemia, o Brasil passa por um dos momentos de maior controle da Covid-19. A média móvel de mortes está abaixo de 100 há mais de três semanas e, no mês de setembro, atingiu o menor índice desde abril de 2020. Em relação ao número de casos, a média está abaixo de 10 mil há quase dois meses.

Isso representa que a pandemia acabou? Mesmo com diversas medidas sanitárias não sendo mais aplicadas, a resposta é não. A pandemia segue em curso no mundo inteiro.

O site da TV Cultura conversou com especialistas para saber quais devem ser os próximos passos. Afinal, é necessário estar preparado para o que pode vir nos próximos meses.

Mesmo com a pandemia não chegando ao fim, há motivos para ser especialista neste momento. Quem garante isso é Alex Garolo, médico especialista em patologia e coordenador de analises clínicas da Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica), após analisar estudos sobre evoluções virais ao longo da história.

“O que a gente tem visto é compatível com a evolução normal das epidemias virais, que têm grandes picos, e depois, com a evolução da imunidade da população e desenvolvimento dos anticorpos, a quantidade de casos e a gravidade tende a diminuir. Os casos vão continuar em baixas quantidades, não zerar”, explica o médico.

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Para quem quer saber exatamente quando a OMS irá declarar endemia da Covid-19, a resposta não é simples. O médico sanitarista Gonzalo Vecina, comentarista do Jornal da Cultura, explica que não há “número mágico” para saber quando a pandemia se encerra.

“O que dá para dizer, olhando os atuais dados, é que estamos indo para um nível endêmico. Mas, qual o valor do nível endêmico? Quantas mortes é endemia? Número de casos é muito difícil medir porque tem muitos assitomaticos”, diz Vecina.

Possibilidade de uma nova variante

Mesmo com os números baixos, a população sempre teme o surgimento de uma nova variante. Foi isso que aconteceu no final do ano passado, quando os números eram muito baixos em dezembro de 2021, mas explodiram em janeiro de 2022 com a entrada da ômicron. De acordo com Vecina, a possibilidade de uma nova cepa existe, mas é baixa.

“Uma variante não é só o evento probabilístico, ela tem que ter pelo menos uma característica diferente em relação a que está em circulação: precisa ter uma taxa maior de infecção. Como a ômicron concentra um número de mutações muito grande, ela se tornou um vírus muito perfeito do ponto de vista de infectar. A probabilidade de acontecer mais uma mutação que faça com que essa cepa seja mais infectante do que os outros é muito pequeno”, afirma o médico.

Caso uma nova variante surja, a equipe de Garolo na Abramed será uma das primeiras a perceber, pois eles possuem um painel de indicadores que mostram todos os casos de Covid-19 e de síndromes respiratórias agudas. Segundo ele, qualquer mudança drástica nos atuais números será notada e tudo será repassado para as autoridades.

Prevenção segue sendo importante

As duas melhores formas para combater o vírus e dar uma margem menor para um novo pico de casos é a vacinação e os testes.

Segundo o Ministério da Saúde, 91,5% da população recebeu a primeira dose da vacina, e 85,8% estão com as duas doses ou dose única da Janssen. Vale lembrar que a quarta dose já está disponível para a população acima de 18 anos e a Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) autorizou o imunizante da Pfizer para crianças entre seis meses e quatro anos.

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Com mais estudos, a tendência é as vacinas ficarem cada vez melhores e oferecerem uma proteção maior para a população. Vecina cita a nova geração do imunizante com base no RNA mensageiro produzidas pela Moderna e Pfizer. Elas ainda estão em fase de testes, mas podem ser disponibilizadas muito em breve.

“Essas novas vacinas servem contra a ômicron e as variantes anteriores. Então, se de fato proteger contra todas as cepas, nós podemos ter uma situação de imunizar toda a sociedade de novos casos e óbitos, caso haja uma cobertura vacinal elevada. Não sabemos ainda como ela irá funcionar, pois ainda está em teste”, diz o sanitarista.

A principal preocupação são com os testes. Com a redução do número de casos graves, a população já não faz tantos testes como antes. Um dos trabalhos de Garolo na Abramed é monitorar os testes dos principais laboratórios particulares do Brasil e conta que, realmente, o número de testes diminuiu nos últimos meses.

“Com a diminuição da gravidade dos casos de Covid-19, a gente percebe um relaxamento na testagem da população. Antes, qualquer sintoma respiratório que a pessoa tinha, ela corria para fazer o teste para saber se estava contaminada para tomar as precauções. Depois, com a diminuição da gravidade, a pessoa deixar de testar, porque acaba sendo aquela medida antiga, né? Quadro gripal com sintoma respiratório, que fica alguns dias isolado e em repouso”, diz o patologista.

Estratégias para o futuro

Com os números baixos e uma esperança para o final da pandemia, as autoridades já podem iniciar as estratégias para evitar que isso aconteça mais uma vez no futuro. Um dos primeiros passos, segundo Vecina, é a proteção do meio ambiente.

“Você cria uma pressão sobre os microorganismos, uma pressão ecológica e ambiental, onde encontrará uma maneira de seguir existindo. Essa maneira é saltando até chegar ao homem, o bicho mais presente na biologia terrestre”, conta.

Vecina também cita a necessidade da criação de um sistema de vigilância epidemiológico, que poderia ser formada por uma polícia sanitária e equipes de inteligência para acompanhar o surgimento de qualquer risco ao ser humano.

A última seria um maior investimento no Sistema Único de Saúde, o SUS, que foi essencial para o combate contra Covid-19.