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Reprodução/Instagram @bufalas_de_brotas
Reprodução/Instagram @bufalas_de_brotas

O mês de novembro marca um ano desde que carcaças de búfalas e centenas de animais com fome, sede e em situação de abandono, foram encontrados na fazenda “Água Sumida”, em Brotas, interior de São Paulo.

Na época, o proprietário do local foi preso em flagrante, mas foi liberado após pagar fiança estipulada pela Justiça.

Em entrevista exclusiva ao site da TV Cultura, o ativista Alex Parente, presidente da ONG Amor e Respeito Animal (ARA) e responsável por assumir a tutela provisória dos animais, relembra o momento em que teve conhecimento do caso e fala sobre a recuperação das búfalas.

“Já participei de alguns desastres, ajudei em Brumadinho, por exemplo, mas na hora em que cheguei e vi a situação daqueles animais, sem ter força para levantar a cabeça até para beber água, sendo consumidos vivos por bicheira, a gente não sabia qual ajudar primeiro. Foi uma sensação de incapacidade e impotência”, revela.

Na época, sem saber como proceder com a situação, decidiu fazer uma convocação nas redes sociais pedindo ajuda de ONGs, protetores de animais e colaboradores . A partir da iniciativa, os animais que sobreviveram aos maus-tratos começaram a ter uma história diferente.

Em um hospital de campanha, que foi montado de forma improvisada no local, a equipe chegou a ter cerca de 27 animais deitados consumindo 600 litros de soro por dia.

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Todo o processo realizado, com o objetivo de salvar a maior quantidade de vidas possível, circulou nas redes sociais, fato que colaborou para que as pessoas se sensibilizassem e ajudassem, seja com trabalho voluntário ou por meio de doações.

“Esse trabalho que completou um ano só foi possível pela movimentação inicial, porque no início é normal as pessoas se solidarizarem mais. No mês de novembro e dezembro arrecadamos cerca de R$ 1 milhão, o que permitiu que a gente mantivesse a operação, porque em alguns meses, o que entrava de doação não seria suficiente nem para pagar a água que os animais bebem”, destaca.

Campanhas de arrecadação

Atualmente, responsável por cuidar de aproximadamente mil búfalas e cerca de cem bezerros que nasceram na fazenda, o caixa da ONG está praticamente zerado. Para tentar solucionar a situação, uma campanha em busca de apadrinhamento com o objetivo de custear a alimentação de cada animal foi lançada.

“Com a campanha, as pessoas assumem o compromisso de doar R$ 50 por mês durante um ano. O nosso objetivo é conquistar mil padrinhos, sendo um para cada búfala, o que seria suficiente para manter a alimentação deles, não de tudo. Mas se a pessoa quiser doar qualquer valor, será muito bem-vindo. As nossas redes sociais tem o nosso pix, o PayPal, além dela também poder ser voluntária e ajudar na operação”, explica o ativista.

A busca por uma propriedade também faz parte da lista de desejos da ONG, que pretende começar a tirar os animais que já estão em condições de saúde melhor do ambiente no qual foram vítimas de maus-tratos.

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Evelyne Paludo, advogada especialista em Direito Animal, e atuante no corpo jurídico das Búfalas de Brotas juntamente com Karen Wolf e Leandro Petraglia desde novembro de 2021, informa que recentemente duas decisões foram proferidas pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).

A primeira determina aos réus o pagamento de valor mensal a fim de custear as despesas dos animais com alimentação e tratamento. A outra afirma que se o valor do custo mensal for superior ao valor do custeio, deverá ser realizada a venda dos animais recuperados para custear a continuidade do tratamento dos animais ainda em recuperação. “Esta decisão que determina a venda de parte dos animais caso necessário para o pagamento dos custos de outros já foi recorrida pela ONG ARA”, destaca

Entretanto, a advogada diz que a venda de qualquer animal está fora de cogitação e expõe a importância da colaboração da sociedade para que o trabalho continue a ser realizado.“Não há qualquer possibilidade da ONG ARA tratá-las, em qualquer tempo, como mercadorias a serem vendidas. Por isso, a importância do apadrinhamento dos animais – campanha permanente da ONG ARA, com valor de R$50/mês – para garantir o custeio dos animais sem depender dos réus”.

“Apesar dos animais terem engordado e apresentarem uma aparência saudável, todos os exames clínicos, em quase 100% das necropsias apontam que eles têm graves problemas hepáticos devido às sequelas do período em que ficaram sem água. As próprias necropsias apontaram também que eles passaram por no mínimo quatro períodos sem comida e sem água. Não é saudável o consumo nem do leite ou da carne desses animais”, completa Parente.

Evelyne conta ainda que no momento está em andamento uma ação na esfera cível proposta pela ONG ARA em que busca a guarda definitiva dos animais. Outra ação está em curso na esfera criminal, proposta pelo Ministério Público (MP), em razão dos maus-tratos. A ação aconteceu em esfera penal perante ao âmbito criminal, ambos os processos com origem na comarca de Brotas.

“As ações estão em fase de produção de provas e, encerrado esse momento, seguirão para sentença. Na esfera criminal houve também um pedido do Ministério Público de que os animais fossem entregues, definitivamente, à ONG ARA para tutela. O pedido foi aceito pelo Poder Judiciário de Brotas, porém a decisão que entregou os animais à ONG sofreu recurso pelos réus e está sob análise do TJSP”, finaliza.