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Vinte e duas carcaças de búfalos e centenas de animais com fome, sede e, em situação de abandono, foram encontrados pela Polícia Ambiental de Brotas na fazenda “Água Sumida”, em Brotas, interior de São Paulono dia 6 de novembro. Caso ficou conhecido nacionalmente após voluntários e famosos se manifestarem nas redes sociais.

O inquérito policial instaurado pela Delegacia de Brotas investiga o acontecimento. Proprietário do local foi preso em flagrante no dia 11 de novembro e liberado após pagamento de fiança estipulada pela justiça.

De acordo com a polícia, ele alegou que, devido a pandemia, não conseguiu comprar alimentos suficientes ou vender os animais. Um funcionário e um segurança da fazenda foram autuados em flagrante pelo crime de maus-tratos a animais, no último domingo (21), e encaminhados a uma unidade carcerária da região, porém foram soltos durante audiência de custódia.

Laudos periciais estão em andamento e, assim que finalizados, serão analisados pela autoridade policial para conclusão do inquérito.

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Em nota divulgada, o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) informou que a Promotoria de Justiça de Brotas acompanha e atua no caso com o objetivo de promover a responsabilização de todos os envolvidos.

Voluntários que acompanham o dia a dia dos animais informaram que a população irá dobrar em pouco tempo, já que 90% dos bichos são fêmeas e estão prenhas.

Em entrevista ao site da TV Cultura, a médica veterinária e fundadora do Grupo de Resgate de Animais em Desastres (G.R.A.D) Carla Sássi, que acompanha a situação desde que Nelson Alex Parente, coordenador da ONG Amor e Respeito Animal (ARA) assumiu a tutela dos búfalos, afirmou que a situação é inédita, sem ter comparação com nenhuma outra.

“A situação dos animais é de maltrato extremo, nunca vista no mundo antes pelo número de animais em que eles se encontram e pelo contexto. Quando nossa equipe chegou tomou a real noção da proporção do trabalho que seria necessário”.

Ela expôs que no local há mais de mil búfalos, filhotes, jovens e fêmeas, além de mortos encontrados em valas pela propriedade e os que vieram a óbito durante resgate.

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Em conversa, a advogada Antilia da Monteira Reis, que representa voluntariamente a ONG ARAS e está no local desde o dia 11 de novembro, revelou na quarta-feira (24) que ainda existe possibilidade dos bichos serem devolvidos ao fazendeiro. “Ainda tem possibilidade dos animais serem devolvidos, nós não temos promotor ou juiz aqui, estamos correndo esse risco todos os dias”.

Decisão judicial limitava em até dez pessoas o número de voluntários que podem entrar na propriedade e cuidar dos animais, além disso eles estão impedidos de alterar cercas, abrir valas, fazer piscinas e remover animais sem ordem judicial. Algumas limitações foram anuladas nesta sexta-feira (26), a partir de agora, 50 pessoas podem estar no local e a tutela foi concedida a Alex com caráter urgente. Além disso, o proprietário da fazenda é proibido de promover suspensão de energia elétrica, de obstruir ou impedir utilização da água dos poços.

Ela também afirmou nunca ter visto algo semelhante durante 30 anos como ativista. “Nunca vi algo assim na vida, sou ativista há 30 anos, participei do resgate dos beagles no Instituto Royal, participei de resgate em canil clandestino, cavalgada, as coisas mais horríveis que possa imaginar e nunca vi uma coisa dessas. O búfalo é extremamente resistente. Para eles estarem agonizando é porque estavam há meses sofrendo”, relatou.