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Antes mesmo do seu nascimento, a preocupação dos pais com a saúde das crianças é muito importante, entretanto, uma área específica nem sempre é tão comentada durante a infância, a saúde ocular.

Recentemente, o cuidado com os olhos do público infantil se tornou pauta após o jornalista Tiago Leifert revelar que ele e a sua esposa Daiana Garbin descobriram que sua filha Lua Garbin Leifert, 2, foi diagnosticada com retinoblastoma, um tipo raro de câncer ocular.

De acordo com o Ministério da Saúde, a doença é o tumor ocular mais comum em crianças, com incidência de 3% dos cânceres infantis, com uma média de 400 casos por ano.

Com a descoberta do casal, uma das pautas tratadas por eles em publicação nas redes sociais foi destacar a importância dos pais levarem seus filhos para consultas ao oftalmologista: “A gente está tratando o câncer há quatro meses e pensamos longa e duramente sobre postar alguma coisa (...) Porém, depois da última quimio, decidimos dividir tudo que a gente sabe hoje [...] "Se a gente conseguir fazer um casal levar uma criança antes do que a gente descobriu, missão cumprida".

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Entretanto, apesar de ser um fator relevante, muitas pessoas ainda apresentam dúvida sobre quando deve ser realizada a primeira ida de uma criança ao médico. Em entrevista exclusiva ao site da TV Cultura, o oftalmologista Charles Costa, especialista em cirurgia de catarata, refrativa e córnea, responde essa questão, além de explicar outros pontos importantes sobre a visão do público infantil em que os pais e responsáveis devem ficar atentos.

Segundo ele, a primeira consulta oftalmológica na vida de uma pessoa deve acontecer antes dela sair da maternidade. “Antes do bebê receber alta, ele precisa fazer muitos testes e tomar algumas vacinas do ponto preventivo [...] e por fim, deve fazer o teste do reflexo vermelho”.

No teste do reflexo vermelho (TRV), conhecido como o teste do olhinho, é possível diagnosticar qualquer alteração que cause obstrução no eixo visual, como catarata, glaucoma congênito e outros problemas – cuja identificação precoce pode possibilitar o tratamento no tempo certo e o desenvolvimento normal da visão. O procedimento faz parte da triagem neonatal e sua realização é orientada pelo Ministério da Saúde por meio de Diretrizes de Atenção à Saúde Ocular na Infância.

Simples, rápido e indolor, consiste na identificação de um reflexo vermelho, que aparece quando um feixe de luz ilumina o olho do bebê. O fenômeno é semelhante ao observado nas fotografias. Para que o reflexo possa ser visto, é necessário que o eixo óptico esteja livre, isto é, sem nenhum obstáculo à entrada e à saída de luz pela pupila, o que significa que a criança não tem nenhum obstáculo ao desenvolvimento da sua visão.

“A gente vai lá, pinga umas gotinhas de colírio para dilatar a pupila e com o aparelhinho a gente emite uma luz no fundo do olho. Quando vemos um reflexo vermelho, isso significa que a luz passou, que tudo está normal e que não há nenhum impedimento”, ressalta Charles Costa.

Quando deve ser a próxima consulta?

De acordo com o especialista, se o bebê não apresentar nada, o ideal é que uma segunda avaliação seja realizada em seis meses e a terceira com um ano, se tornando uma visita obrigatória e anual. “Se a criança tem um problema logo no nascimento, às vezes não conseguimos descobrir as doenças com exames de rotina, mas quando já se passaram seis meses, conseguimos fazer uma avaliação um pouco mais detalhada”, expõe.

O acompanhamento se torna ainda mais importante entre o público infantil uma vez que as doenças surgem na maioria dos casos de forma silenciosa, o que faz com que elas progridam sem que os adultos percebam, situação que dificulta o tratamento e solução do problema. Entre as principais doenças que afetam o público nessa fase estão: problema de grau, glaucoma congênito, retinoblastoma e estrabismo.

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“É fundamental esse acompanhamento de perto, porque se por acaso tiver grau a gente já corrige de imediato, mesmo que seja uma criança ou um bebê. Então, colocamos os óculos para que a luz consiga chegar no olho e por consequência no cérebro. Se a luz proveniente de uma fonte externa não chegar no cérebro, depois de sete a oito anos ele não responde mais a esse estímulo visual”, afirma.

Os óculos são a primeira opção destinada para a solução da visão infantil, mas com o crescimento de cada criança, chegando aos sete e oito anos, dependendo do quadro clínico, o oftalmologista pode prescrever lentes de contato para o paciente, segundo o oftalmologista.

A tecnologia colabora para problemas visuais?

Outra dúvida relacionada ao assunto é se a exposição às televisões, celulares e tablets podem colaborar negativamente para o surgimento de problemas ao longo do seu desenvolvimento.

Ao ser questionado sobre o assunto, o especialista revela que o ideal é que “até os dois anos, os pais diminuam a exposição das crianças as telas o quanto possível, não por questão visual, mas, às vezes, por questões neurocognitivas, porque acabam estimulando as crianças a não desenvolver atividades além da tela”.

“O ideal seria mais ou menos 1h por semana depois dos dois anos em situações pontuais, e à medida que as crianças forem crescendo ir aumentando o tempo de exposição”, complementa Charles.