Relatórios de institutos de pesquisa indicavam, há pelo menos cinco anos, que mais de duas mil moradias tinham sido construídas em áreas de risco em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo.
Os últimos mapeamentos de áreas de risco nas regiões do Guarujá e de Bertioga foram feitos em 2007 e 2014, respectivamente. O mais recente é o de São Sebastião, de 2018. Na época, os mapeamentos recomendavam a remoção dos moradores pela Prefeitura e uma forte fiscalização para que o local não fosse novamente ocupado.
Já na região da Barra do Sahy, o relatório diz que as condições naturais e o nível de intervenção humana têm potencial médio para desenvolvimento de processos de instabilização, como deslizamentos. Além disso, pede à Prefeitura que a ocupação da área seja constantemente monitorada.
“Em relação às áreas de risco do município, todas elas foram demarcadas, monitoradas. As desocupações foram realizadas. Nós tivemos um trabalho de monitoramento constante. Tão logo chegou o alerta de chuva excessivas, nós já deslocamos todas as equipes para acompanhamento, monitoramento. Tanto é que, até agora, o nosso coordenador-chefe da Defesa Civil está no local, em Barra do Sahy, Vila Sahy”, disse em entrevista coletiva o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB).
Leia também: Waldez Goés diz que Brasil tem 14.000 pontos de risco alto de desastre
SOU e Buser Brasil fazem transportes gratuitos de moradores e turistas na Barra do Sahy
O diretor-técnico do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) falou que o mapeamento é atualizado por pessoas treinadas pelo IPT, mas que o trabalho é feito em cima de uma previsão normal de chuva.
“Para a região, o mês de fevereiro, por exemplo, a gente esperaria de 240 mm a 300 mm em 28 dias. Foram 640 mm em 24 horas. Quando a gente tem um evento desse, excepcional, ocorre a liquefação do solo. Tem os processos ali, entra muita água nos espaços entre os grãos e esse solo se liquefaz mais do que o comum. Então, a área de atingimento aumenta muito mais do que quando a gente tem um período de chuva normal. Existe o método para esse tipo de ocorrência anormal? Existe. É factível de se fazer? É factível”, explicou o diretor-técnico do IPT-SP, Fabrício Mirandola.
Durante a temporada de chuvas, entra em operação o plano preventivo da Defesa Civil, justamente para evitar que pessoas enfrentem deslizamentos ou alagamentos. Em São Paulo, o plano está em operação até o dia 31 de março em todo o estado.
A Defesa Civil do estado de São Paulo declarou que presta apoio aos municípios no levantamento das áreas de risco e que encaminha diretrizes para orientar os planos locais de prevenção.
REDES SOCIAIS