ONGs entram na Justiça contra vereador acusado de xenofobia ao falar de trabalho escravo no RS
A Educafro e o Centro Santo Dias de Direitos Humanos pedem indenização por conta das falas do vereador Sandro Fantiel; político prometeu ir à tribuna para se desculpar
01/03/2023 15h15
A Educafro e o Centro Santo Dias de Direitos Humanos, duas ONGs que estão na luta contra o racismo, vão propor uma ação civil pública contra o vereador Sandro Fantiel (Patriota/RS) por falas racistas e xenófobas na tribuna da Câmara de Caxias do Sul.
“Agricultores, produtores, empresas agrícolas que estão me acompanhando, eu vou dar um conselho para vocês. Não contratem mais aquela gente lá de cima, conversem comigo, vamos criar uma linha, vamos contratar os argentinos, porque todos os agricultores que têm argentinos trabalhando hoje só batem palma”. A declaração foi dada pelo político durante sessão da câmara nessa terça-feira (28).
Em sua fala, o parlamentar descreveu os argentinos como “limpos, trabalhadores, corretos, que cumprem o horário e no dia de ir embora ainda agradecem o patrão pelo serviço prestado e pelo dinheiro que receberam”.
A proposta de ação civil deverá ser protocolada ainda nesta quarta-feira (1º) na Justiça e as ONGs pedirão reparação por danos morais.
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“O vereador expressou sentimentos discriminatórios tentando justificar a submissão de nordestinos negros a situações aviltantes no ambiente de trabalho, mostrando que a lógica que embasou a escravidão ainda permanece viva entre pessoas que ocupam poder no Brasil”, disse o advogado Marlon Reis, que pertence a ONG Educafro.
A ação pública também pedirá que o vereador frequente aulas de igualdade e combate à discriminação racial.
Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), 194 pessoas voltaram para o estado, quatro ficaram no Rio Grande do Sul e nove eram gaúchos de Rio Grande, Montenegro, Marau e Carazinho, que voltaram para suas cidades.
As pessoas trabalhavam em duas empresas que prestavam serviços para as vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi e Salton.
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Ao G1, o vereador disse que se arrepende de ter dito que "a única cultura que os baianos têm é viver na praia tocando tambor". Ele ainda disse que voltará à tribunal da Câmara para pedir desculpas pelas declarações.
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