"Temos dois tipos de diagnósticos no país: o câncer doença e o câncer social”, afirma Fernando Maluf

O Roda Viva recebe o médico oncologista Fernando Maluf nesta segunda-feira (10).

Graduado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Maluf também é fundador do "Instituto Vencer o Câncer".

No programa, o médico fala sobre o papel do Sistema Único de Saúde (SUS) no tratamento contra o câncer.

“O Brasil precisa de um projeto de Estado, não de governo. É uma malha complexa, que precisa ser definida para que os objetivos sejam atingidos. Dentro dos objetivos, o primeiro aspecto é: o cidadão, dentro do SUS, apresenta um câncer, dependendo do estágio, três ou quatro vezes mais frequente do que alguém que tenha plano de saúde. A briga já começa em desvantagem”, afirma.

“É preciso estabelecer programas, programas de prevenção, no sentido das vacinas ou de programas para trabalhar a questão da obesidade, do tabaco e do álcool. E programas que façam rastreamento, exames preventivos dos tumores mais comuns. Eu também considero extremamente importante os números, é diminuir as filas, nós temos um problema no Brasil de organização do sistema”, acrescenta.

O especialista afirma que a desigualdade impacta na recuperação e cita ‘câncer doença’ e ‘câncer social’ para retratar o cenário do país.

“Em todas as fases, a mortalidade do SUS é claramente maior do que em pacientes com convênio médico. A questão no SUS não é só a falta de medicamento. Nós deixamos de curar no SUS pessoas com câncer de colo do útero precoce, com câncer de ovário, proposta, falta remédio, máquinas, cirurgias e cirurgiões para andar com as filas. Eu falo que temos dois tipos de câncer, o câncer doença e o câncer social”, ressalta.

Em junho, o doutor da Beneficência Portuguesa de São Paulo e do Hospital Albert Einstein esteve dentre os cerca de 40 mil profissionais de saúde do mundo todo que participaram do encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica.

A bancada de entrevistadores conta com: Adriana Dias Lopes, editora de Saúde do Jornal O Globo; Cláudia Collucci, repórter especial da Folha de S.Paulo e Mestre em História da Ciência; Theo Ruprecht , repórter de Ciência e Saúde e criador do podcast Ciência Suja; Gustavo Cabral, imunologista e colunista de Saúde do Uol; Carolina Marcelino, jornalista especializada em Saúde.

As ilustrações da entrevista serão feitas pelo cartunista, caricaturista e desenhista clássico acadêmico Ricardo Soares.

Assista ao programa completo: