Mais de 100 botos morrem no Amazonas; Alta temperatura da água é apontada como principal causa
Temperatura dos rios chegou a 40 graus na última semana
02/10/2023 19h35
Mais de uma centena de botos amazônicos morreu na região do Lago Tefé, no interior do Amazonas. O portal da TV Cultura confirmou que o número mais recente ultrapassa 125 óbitos. Em meio a seca que atinge o estado, a temperatura da água no local onde vivem esses mamíferos chegou a 40 graus.
De acordo com uma estimativa da pesquisadora Miriam Marmontel, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, cerca de 5% de toda a população de botos da região de Tefé morreu durante o calor e a seca que o estado enfrenta.
Conforme comunicado do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, com informações advindas do Instituto, a mortandade inclui botos cor-de-rosa, considerada a maior espécie de golfinhos de água doce do mundo, e tucuxis.
Embora a causa da morte desses animais ainda seja desconhecida, especialistas do Instituto acreditam que os óbitos estejam ligados às altas temperaturas das águas.
“A minha impressão é que tem algo na água, obviamente, relacionado à situação de seca extrema, baixa profundidade dos rios e, consequentemente, ao aquecimento das águas. A média histórica da temperatura da água no Lago do Tefé é de 32 graus e, na quinta-feira, nós aferimos 40 graus até três metros de profundidade”, afirmou Miriam.
Segundo apurado pelo portal da TV Cultura, a operação na região, que inclui o resgate de animais vivos, não tem previsão de término. Amostras dos animais mortos também foram coletadas para investigação mais detalhada. Até o momento não há registro de mortandades em outras localidades além da do Lago Tefé.
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Impacto na população local
“Escolas estão sendo fechadas, linhas de barcos deixam de funcionar, todos os produtos estão mais caros nas cidades e principalmente no interior e, neste ano, de forma muito atípica, estamos registrando a mortalidade de pescado e botos no Lago Tefé”, afirmou o diretor Instituto Mamirauá, João Valsecchi.
De acordo com Valsecchi, mesmo que o nível da água tenha sido menor na seca de 2010, essa pode se tornar a mais extrema. Em comunicado, o representante do Instituto disse que o evento causou mais danos do que qualquer outro anterior.
“Isso provavelmente é consequência de um acúmulo de impactos causados pela poluição urbana, pelo assoreamento do Rio Tefé, pela poluição do ar devido ao grande número de queimadas, e pode ser que ainda sejam descobertos outros agravantes”, destacou.
Veja imagens que revelam a situação do Lago Tefé:
Fotos: Instituto Mamirauá
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