Rubinho Nunes (União), vereador da cidade de São Paulo, protocolou no último dia 6 de dezembro um pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar organizações não governamentais que realizam trabalho social na região conhecida como Cracolândia, no centro da capital. O padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua da Igreja Católica na cidade, é o principal alvo do colegiado.
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Padre Júlio Lancellotti, de 75 anos, é conhecido nacionalmente pelo seu trabalho com a população de rua de São Paulo há mais de 40 anos. Ele também é responsável pela Paróquia de São Miguel Arcanjo, no bairro da Mooca, desde 1986, onde iniciou ações pastorais com pessoas em situação de rua, menores infratores e crianças com HIV.
Em nota divulgada na última quarta-feira (3), a Arquidiocese de São Paulo diz “acompanhar com perplexidade” a possível instauração do inquérito, questionando os motivos de tal ação em ano de eleições municipais.
“Padre Júlio não é parlamentar. Ele é o vigário episcopal da Arquidiocese de São Paulo para o ‘Povo da Rua’ e exerce o importante trabalho de coordenação, articulação e animação dos vários serviços pastorais voltados ao atendimento, acolhida e cuidado das pessoas em situação de rua na cidade”, argumenta a instituição no comunicado.
De acordo com o g1, 23 vereadores assinaram o documento que solicita a abertura da CPI, a maioria deles do PSDB, seguido pelo PL e pelo União Brasil.
Nas redes sociais, padre Júlio reconheceu como legítima a abertura da comissão e afirmou que a CPI é uma prerrogativa do poder Legislativo. Esclareceu, ainda, que não pertence a nenhuma organização da sociedade civil ou ONG que utilize de convênio com o poder público municipal.
"A atividade da Pastoral de Rua é uma ação pastoral da Arquidiocese de São Paulo, que por sua vez não se encontra vinculada de nenhuma forma às atividades que constituem o objetivo do requerimento aprovado para a criação da CPI em questão", escreveu em publicação no Instagram.
Em entrevista à CNN, Rubinho Nunes, autor do requerimento, afirmou ter apoio suficiente para a abertura da CPI e que a expectativa é de instaurar a comissão em fevereiro, no retorno do recesso e início do ano legislativo. No entando, ainda há uma fila de protocolos de CPIs para serem analisadas e votadas pela Câmara em plenário.
Vereadores da oposição, deputados estaduais e federais, além de personalidades dentro e fora do meio político compartilharam mensagens de apoio ao religioso com a campanha "Protejam o Padre Júlio Lancellotti", que visa divulgar o posicionamento contra a abertura da CPI, reforçar a importância do trabalho social com dependentes químicos e população de rua, além de arrecadar fundos para a Paróquia de São Miguel Arcanjo.
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