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Gustavo Mansur/ Palácio Piratini
Gustavo Mansur/ Palácio Piratini

O que fazer quando o governo gaúcho não consegue atender todas as pessoas afetadas pelas chuvas? Ou quando as ONGs não conseguem dar atenção a cada uma das vítimas? O próprio povo entra em ação para ajudar o povo. É o caso de Canoas, no Rio Grande do Sul.

A cidade fica colada da capital Porto Alegre e foi completamente devastada pelos temporais da última semana. Os bairros de Rio Branco, Mato Grande, Matias Velho e Central Parque, por exemplo, foram praticamente devastados. Algumas famílias perderam tudo. As aulas estão sem previsão de volta.

Como prestar apoio? Algumas famílias que moram na região mais alta do município, e não tiveram as casas invadidas pela água, uniram forças, abriram mão do trabalho e começaram a arrecadar dinheiro para ajudar. Uma delas foi a família Arenhart. A mãe Rosângela Santos e o filho Bruno estão na linha de frente para comprar comida, produtos de higiene pessoal e água para distribuir nos abrigos. A outra filha, Juliane, mora em São Paulo, ajuda a divulgar o PIX para arrecadar o máximo de doações possíveis e presta as contas de tudo que está sendo feito. 


“Na sexta-feira, quando ainda não estava tão caótico, mas já tinha gente indo para os abrigos, começamos a nos mobilizar. Começamos a distribuir roupas e comida. De início, pensamos que não seria tão grave. Mas a água começou a subir muito. Quase metade da cidade perdeu tudo ou praticamente tudo. Essas famílias terão que se reconstruir do zero”, conta Bruno.

Ele possui uma oficina mecânica na cidade. Sua casa não foi atingida, mas dos funcionários sim. Dessa maneira, o trabalho com os carros praticamente parou e o foco está na compra e distribuição de produtos.

“Está todo mundo mobilizado, trabalhando o máximo possível. Estamos de lá para cá, levando água, gás, comida, gasolina e tudo que faltar para os abrigos”, completa.

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Quem também se mobilizou foi a família Ahlert, que também não tiveram a residência afetada. A bancária Lauren abriu uma vaquinha para arrecadar dinheiro com parentes de outro estado. E funcionou.

“Criei uma vaquinha despretensiosa, onde queria a ajuda dos meus parentes do Paraná. Graças a Deus tomou uma proporção gigantesca e passei a ser muito divulgada”, explica.

Pelo fato de ter um filho com apenas um ano de idade, essa foi a forma que encontrou para prestar auxilio aos moradores de Canoas, já que não pode ficar muito tempo fora de casa.

“Queria ajudar em todas as pontas: resgate, abrigos, animais. Mas tenho um bebê de 1 ano, então eu foquei nessa parte: fazer o meio de campo entre necessidade dos abrigos e quem confiou em mim para mandar o PIX”, afirma.

Em meio a um desastre como esse, as demandas crescem a cada momento. Necessidades, que parecem invisíveis no cotidiano, são de extrema importância neste momento.

“Estão surgindo demandas que ficam fora do nosso alcance de suprir. Vou te dar um exemplo, tive um pedido de remédio de sarna para pessoas de um abrigo”, revela.

Desafios para os próximos dias

Apesar da chuva ter dado uma trégua nas últimas horas, algumas dificuldades aumentam. Os mercados estão com pouca reposição e alguns produtos estão mais difíceis de encontrar.

“As lojas onde conseguiríamos comprar alguns produtos, como mantas, colchões, itens de higiene, itens de limpeza, estão com o estoque quase zerado ou com baixa reposição”, diz Ahlert.

Outro empecilho são as estradas. De acordo com o governo estadual, 95 trechos de 41 rodovias registram bloqueios totais ou parciais. “Ajuda daqui é difícil, a maior parte vai ter que vir de outros estados”, afirma Bruno.

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Para os próximos dias, a tendência é de queda nos termômetros. Na próxima quinta-feira (9), as máximas deverão ser de 21ºC em Canoas.

“Precisa de muito colchão e cobertor. No final da semana, vai chover e baixar a temperatura. As pessoas nos abrigos vão sofrer”, relata o mecânico.

Como ajudar?

As famílias pedem doações pelo PIX. O que eles não podem comprar e entregar para as vítimas, eles enviam para instituições parceiras e que estão recebendo resgatados de outras cidades.

- Família Arenhart: roarenhart@gmail.com (e-mail)

- Família Ahlert: (51) 99737-2786 (telefone)

“Não sou uma ONG, não sou uma associação. Sou uma pessoa que está vivendo dentro de uma catástrofe e não consegue não fazer nada. Várias pessoas, como eu, se reuniram em um grupo de WhatsApp e estamos tentando direcionar recursos pra esse tipo de trabalho. Não existe uma organização, pelo contrário, tenho a impressão que se não fossem os próprios canoenses, seria muito pior”, finaliza Lauren.