O gravador de voz da cabine do avião ATR-72, que caiu na última sexta-feira (9) em Vinhedo, no interior de São Paulo, registrou gritos e uma fala do copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva antes da queda.
As quase duas horas de transcrição, obtidas com exclusividade pelo Jornal Nacional, foram feitas pelo laboratório de leitura e análise de dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa), vinculado à Força Aérea.
De acordo com os investigadores, a análise preliminar dos dados indica que a aeronave perdeu altitude de forma repentina, no entanto, ressaltam que as informações obtidas não são capazes de desvendar o "contexto" da tragédia – considerado nebuloso até o momento.
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Não é possível confirmar ou descartar a principal hipótese levantada pelos especialistas nos últimos dias: a de que a queda teria ocorrido em razão da formação de gelo nas asas, seguida de uma perda de estabilidade ("estol", no jargão). O relatório preliminar sobre o caso deve ficar pronto em 30 dias.
A transcrição do áudio da caixa-preta mostra que, ao perceber que o avião estava perdendo sustentação, o copiloto questionou o que estava acontecendo e disse que era preciso "dar potência" – uma tentativa de estabilizar a aeronave e impedir a queda. O que, infelizmente, não foi possível.
Cerca de um minuto se passou entre a constatação da perda de altitude e o choque do avião contra o solo. A gravação termina com gritos da tripulação e com o estrondo do choque.
O voo 2283 ia de Cascavel, no Paraná, para Guarulhos, no entanto, nos momentos finais do voo, caiu aproximadamente quatro mil metros. Todas as 62 pessoas morreram de politraumatismo, segundo a perícia.
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