Senado aprova medida que pode perdoar multas de partidos
Proposta perdoa irregularidades eleitorais e gera críticas por estimular a inadimplência e fragilizar a fiscalização
15/08/2024 14h18
O Senado Federal aprovou, nesta quinta-feira (15), em dois turnos, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Anistia, que perdoa partidos políticos pelo descumprimento de cotas raciais e de gênero nas eleições.
A proposta foi aprovada com 51 votos favoráveis e 15 contrários no primeiro turno, e 54 votos a favor e 16 contrários no segundo. A PEC, que já havia passado pela Câmara dos Deputados e pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, segue agora para promulgação, sem necessidade de sanção presidencial.
A PEC determina que as verbas não investidas em candidaturas de pessoas negras e pardas nas eleições anteriores sejam aplicadas nas quatro eleições subsequentes, começando em 2026.
Apesar de garantir esse reinvestimento, a proposta é criticada por organizações da sociedade civil que a veem como um estímulo à inadimplência e uma forma de viabilizar o uso de recursos de "origem não identificada", potencialmente ligados a práticas de caixa 2.
Leia também: Suécia confirma primeiro caso de variante grave da Mpox fora da África
A tramitação da PEC foi rápida, levando apenas 24 horas entre a aprovação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e a votação no plenário, o que contraria declarações anteriores do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que havia prometido evitar pressa na análise da matéria.
Críticos apontam que a proposta amplia a imunidade tributária das legendas e pode anular sanções eleitorais e fiscais, configurando uma anistia ampla e irrestrita.
O apoio foi amplo, incluindo partidos de diferentes espectros políticos, do PT ao PL. Contudo, houve resistência dentro da base governista, com o senador Paulo Paim (PT-RS) criticando a rapidez da aprovação e questionando a viabilidade de adequar o processo eleitoral à nova realidade imposta pela emenda.
A proposta também estipula prazos estendidos para o pagamento de multas eleitorais e obrigações previdenciárias, o que pode trazer ainda mais dificuldades para a fiscalização do uso dos recursos públicos.
A ONG Transparência Partidária estima que o valor total das multas pode chegar a R$ 23 bilhões. No entanto, não há um número oficial.
Leia mais: Entre janeiro e julho de 2024, estado de São Paulo registrou pelo menos 315 casos de Mpox
REDES SOCIAIS