"A esquerda morreu": filósofo Vladimir Safatle analisa enfraquecimento do campo progressista

No Provoca desta terça-feira (10), o apresentador Marcelo Tas recebe o filósofo e escritor Vladimir Safatle.

Durante a entrevista, o autor explica porque acredita que “a esquerda morreu”.

“Esquerda é uma coisa relativamente simples. Esquerda é a defesa da igualdade radical e soberania popular (…) é evidente que esses pontos saíram de pauta de todos os debates da esquerda. Qual a última vez que você ouviu autogestão da classe trabalhadora? Qual a última vez que alguém saiu pra defender isso?”, expõe.

Safatle diz que o campo esquerdista deixou de discutir questões como o fim de hierarquias no campo do trabalho, desejo e linguagem; além da maior participação da classe trabalhadora nos processos de tomada de decisão nas empresas. Ele cita o exemplo da fábrica de tambores plásticos Flaskô, em Sumaré (SP), ocupada a partir de 2003 por operários durante mais de dez anos, até a represália dos governos estadual e federal. O filósofo chama atenção para a gestão proletária da companhia, que aumentou a produção, diminuiu o tempo de trabalho e aumentou os salários.

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“A inteligência prática das pessoas é muito maior do que a inteligência de qualquer CEO”, afirma.

Para o escritor, o discurso de ruptura institucional, historicamente ligado à esquerda clássica, atualmente é encampado pela extrema-direita. 

"Não adianta você ficar fazendo o papel do centro democrático, que não existe mais essa figura em lugar nenhum. A política foi para os extremos, e quando a política vai para os extremos, se você não for para o outro extremo, é igual uma balança, tudo cai pro outro lado. Você precisa do outro extremo, até pra você conseguir reinstaurar algum tipo de equilíbrio”, alega.

Assista ao programa completo:

O Provoca é apresentado por Marcelo Tas e vai ao ar às terças, às 22h, na TV Cultura, no aplicativo Cultura Play, site oficial da emissora e canal do programa no YouTube.

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