Operação Verum investiga transplante de órgãos infectados por HIV no Rio de Janeiro
Prisões e mandados de busca são cumpridos após descoberta de laudos falsos do laboratório PCS Saleme, resultando em infecções em seis pacientes
14/10/2024 11h27
A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou, nesta segunda-feira (14), a Operação Verum, com o objetivo de investigar a emissão de laudos falsos pelo laboratório PCS Saleme.
A ação ocorre em resposta a um grave caso de transplante de órgãos infectados por HIV, que resultou na infecção de seis pacientes. Entre os presos estão Walter Vieira, sócio e responsável técnico do laboratório, e Ivanilson Fernandes dos Santos, também ligado à emissão dos laudos.
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Os agentes cumpriram 11 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão em várias localidades, incluindo Nova Iguaçu, onde o laboratório está situado.
De acordo com o governo estadual, Walter Vieira foi um dos principais responsáveis pelo erro que permitiu o transplante de órgãos contaminados, após a realização de exames que apresentaram resultados falso negativos.
O laboratório PCS Saleme, que possui uma longa história de atuação no mercado, foi contratado pela Secretaria Estadual de Saúde em dezembro de 2023 para realizar exames de sorologia de doadores de órgãos. O contrato, no valor de R$ 11 milhões, foi suspenso após a revelação das infecções. Segundo a Polícia Civil, a falsificação dos laudos levou as equipes médicas a errarem no diagnóstico, resultando em um dos pacientes com HIV que chegou a falecer, cuja causa de morte ainda está sob investigação.
Além dos mandados de prisão, a operação investiga se o laboratório falsificou laudos em outros casos. A Delegacia do Consumidor (Decon) foi designada para conduzir as investigações, com apoio de 40 agentes da polícia. A Decon declarou que medidas adicionais estão sendo tomadas para identificar todos os envolvidos no esquema criminoso.
Os advogados de Walter e Matheus Vieira, também sócio do laboratório, negaram a existência de um esquema criminoso e afirmaram que ambos estão à disposição da Justiça para prestar esclarecimentos. Na última sexta-feira (11), o ex-secretário de Saúde e deputado federal, Doutor Luizinho, que possui laços familiares com os sócios do laboratório, lamentou o ocorrido e pediu punição exemplar aos responsáveis.
O caso chamou a atenção do Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro (CRF/RJ), que revelou que o laboratório não possui registro como estabelecimento junto ao órgão e que não há farmacêuticos registrados. A presidente do CRF/RJ já instaurou procedimentos administrativos para investigar a situação.
O Ministério da Saúde solicitou a interdição cautelar do laboratório e determinou que todos os testes de doadores de órgãos sejam realizados exclusivamente pelo Hemorio. Uma comissão foi criada para acolher os pacientes afetados e garantir atendimento especializado.
A Secretaria Estadual de Saúde já iniciou a retestagem de amostras de 288 doadores, enquanto as investigações continuam para apurar as responsabilidades e evitar novas ocorrências.
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