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Além da aparência: o impacto do Instituto Mais Identidade na vida de pessoas com mutilações faciais

Organização sem fins lucrativos atua há 10 anos na reabilitação de pacientes que enfrentaram doenças ou graves acidentes


29/01/2025 11h11

A identidade de cada cidadão é resultado de uma combinação de fatores, que juntos, representam quem ela é, indo desde a personalidade, valores, crenças, traços, e é claro, a sua história pessoal.

No entanto, acontecimentos ao longo da vida, como traumas, acidentes domésticos ou doenças congênitas, podem abalar a autoestima e a integridade de alguém, roubando a sua identidade.

O Instituto Mais Identidade surge a partir desse contexto, atuando há 10 anos na reabilitação de pacientes com mutilações faciais, reestruturando sua individualidade e promovendo sua reinserção social por meio de projetos e programas de recuperação, prevenção, ensino e pesquisa.

Sem fins lucrativos, a organização, formada por uma equipe transdisciplinar altamente especializada em reabilitação bucomaxilofacial, realiza atendimentos 100% gratuitos para pessoas de todo o Brasil.

A motivação, é claro, surgiu de uma ‘frustração’. Em entrevista ao site da TV Cultura, Luciano Dib, estomatologista, cirurgião bucomaxilofacial, além de fundador e presidente voluntário do instituto, diz ter acompanhado ao longo de sua carreira a dificuldade enfrentada por pacientes para ter acesso a recursos ideais para dar andamento a intervenção cirúrgica.

“Então, no final de 2015, comigo liderando um grupo que já me apoiava, desde colegas a alunos, fundei o instituto, que hoje é reconhecido como uma organização da sociedade civil de interesse público. Temos quase 20 pessoas de diferentes áreas atuando, desde dentistas, médicos, psicólogos e designers gráficos, todos sendo remunerados com valores baixos, mas sendo pagos. O único que não é remunerado sou eu”.

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A tarefa, importante para a sociedade e exercida com profissionalismo, dedicação e cuidado, é mantida apenas e exclusivamente com o apoio de pessoas jurídicas, assim como de pessoas físicas, além de contar com uma parceria com a Universidade Paulista (UNIP).

“Não se trata apenas de estética, na verdade, se trata de pessoas que, por conta das desfigurações, vivem à margem da sociedade e não conseguem até mesmo conviver em família, porque lhe falta um olho, nariz ou uma parte importante da face. Com a prótese, a face é recuperada e ela pode voltar ao convívio familiar, social e ao trabalho”, expõe o especialista.

Histórias transformadas

De acordo com Dib, ao longo desses 10 anos eles lidaram com inúmeros casos de pessoas de todos os tipos e profissões que estavam completamente afastadas do convívio social e que após a reabilitação, voltaram a ter uma vida praticamente normal, contando não só com a transformação física, mas também emocional.

“A gente tem, ao longo desse tempo, centenas de casos [que nos marcaram]. Um deles é o do cantor Edson, que lhe faltava o nariz e uma parte do maxilar, e ele não tinha condição de viver, porque um cantor sem o nariz não apresenta nem a fala adequada, mas depois da recuperação ele voltou a ter uma vida completamente normal”, conta.

Todavia, apesar da ação ter o próximo como foco, todos levam lições a cada história conhecida: “Estou nisso há quase 40 anos, e pra mim se trata de um aprendizado pessoal muito grande, porque são pessoas que nos ensinam duas palavras mágicas que eu costumo falar sempre, persistência e superação”.

Como ter acesso ao trabalho do Instituto Mais Identidade?

O atendimento do Instituto Mais Identidade é direcionado para a reabilitação de pessoas que realizaram tratamento oncológico (câncer), sofreram traumatismos ou possuem malformações congênitas, sendo cada caso analisado com cuidado.

O primeiro passo é passar por uma triagem, seja no site ou por meio das redes sociais, após isso, um representante entrará em contato com o cidadão para buscar mais informações e definir o tratamento ideal. Depois, o paciente é adicionado em uma lista de prioridades.

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“O caso sendo adequado e uma consulta presencial sendo possível, o paciente vem, é examinado, e quando o tratamento é determinado, ele é matriculado e dali segue sendo cuidado pelo instituto. Quando o caso não nos cabe, envolvendo cirurgias ou procedimentos que não realizamos ainda, fazemos orientação online e encaminhamos para o local ideal, mas procuramos dar o máximo de assistência a cada um deles”, esclarece Dib.

O trabalho de uma década é contado no livro “A lição de Antonella e outras histórias de amor – a origem do Instituto Mais Identidade”, que foi lançado em dezembro do ano passado. A obra não traz apenas relatos de superação, mas também expande a visibilidade para o preconceito e as dificuldades enfrentadas por brasileiros com deformidades faciais, mostrando um caminho possível para que eles possam viver com dignidade.

No entanto, para que a organização possa cumprir com sua missão, toda ajuda é fundamental. Por isso, para aqueles que se interessam em apoiar a iniciativa, é possível realizar doações em diferentes valores pelo próprio site, colaborando para que mais histórias sejam transformadas.

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