Em períodos de festas os estoques de sangue tornam-se insuficientes.
No mês de fevereiro, por exemplo, a situação se agrava ainda mais com a chegada do Carnaval, afetando todo o estado de São Paulo. Com isso, o déficit nos hemocentros compromete o atendimento a hospitais e unidades de saúde, aumentando o risco de desabastecimento em casos emergenciais.
Em Ribeirão Preto a situação é preocupante. No início do mês, o hemocentro da cidade registrou um estoque de sangue A- de apenas nove bolsas, quando o mínimo deveria ser de 33. Já de B- foram cinco bolsas, quando deveriam ter no mínimo 10, e o O- chegou a 15 bolsas, quando deveriam ter 67.
“As pessoas costumam sair para viajar e notamos uma queda significativa nos estoques, pois deixam de vir ao hemocentro por estarem longe de casa”, destaca o captador de doadores José Luiz Belagamba Junior. Outro agravante, segundo ele, é o aumento dos casos de dengue, que impede a doação por pelo menos 30 dias.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera ideal de 3% a 5% de doadores na população, número que não foi alcançado no Brasil. Segundo os dados de 2022, os últimos divulgados pelo Ministério da Saúde, aproximadamente 1,4% da população brasileira doa sangue, o que representa apenas 14 pessoas a cada mil habitantes.
Diante desse cenário, o Hemocentro de Ribeirão Preto intensifica suas ações para manter o abastecimento. Segundo o portal da instituição, são coletadas anualmente 100 mil bolsas de sangue, que atendem 5,5 milhões de moradores em cerca de 230 cidades e 130 hospitais. Para garantir os estoques durante o Carnaval, o local funcionará nos dias 1º, 2 e 3 de março, fechando apenas no dia seguinte, na terça-feira.
Estado de São Paulo enfrenta déficit
A preocupação com a queda nos estoques, porém, não se restringe ao interior paulista. De acordo com a médica hematologista e hemoterapeuta da Fundação Pró-Sangue do Hemocentro de São Paulo, Selma Soriano, os estoques em todo o estado se aproximam de 50%. “O estoque de sangue para utilização transfusional abaixo de 50% é considerado crítico e, ao atingir esse nível, é necessário adotar medidas imediatas para aumentar os estoques e diminuir o uso dos hemocomponentes”.
Uma das estratégias para gerenciar a distribuição da quantidade disponível é o monitoramento contínuo das ações por meio de um painel centralizado, que opera 24 horas.
“Esse painel permite um intercâmbio entre os nove centros públicos do estado de São Paulo e viabiliza ações imediatas para aumentar o estoque, como aumentar o horário de funcionamento, abrir postos de coleta aos finais de semana, enviar ônibus de coleta até o doador”. Além disso, explica a especialista, “a integração entre os hemocentros, promovida pela Hemorrede da Secretaria Estadual da Saúde, possibilita o remanejamento de bolsas de sangue conforme a necessidade de cada região”.
No caso específico de falta de tipos sanguíneos raros, como dos grupos B e AB, o uso racional do sangue é adotado, priorizando os pacientes com maior urgência: “A maioria das transfusões podem aguardar 24, 48 e até 72 horas. Nessas situações, utilizamos critérios rigorosos para liberar o sangue apenas para quem realmente precisa naquele momento”, esclarece.
Seja um doador
Para se tornar um doador é simples, basta ir até um hemocentro e levar um documento oficial com foto.
“As mulheres devem ter acima de 51 quilos e os homens mais de 50 quilos, ambos devem ter entre 18 e 60 anos, caso seja a primeira doação. Se já for doador, pode doar antes de completar 70 anos e menores de idade a partir de 16 anos, acompanhados de um responsável”.
De acordo com Belagamba, pessoas que estão tomando alguma medicação, como antibióticos, ou que estejam com gripe ou resfriado, precisam esperar pelo menos 15 dias após o término para doar.
O horário de funcionamento da unidade do campus da USP de Ribeirão Preto, inclusive durante a festividade, é de segunda a sexta, das 7h às 17h, e de sábado e domingo, das 7h às 12h. As coletas também podem ser realizadas na Rua Quintino Bocaiuva, 470, de segunda a sexta, das 7h30 às 12h, com exceção de quarta e sexta, que funciona até as 17h30. Mais informações podem ser obtidas pelos sites hemocentro.fmrp.usp.br, saude.sp.gov.br ou pelo telefone 0800 979 6049.
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