Falta de saneamento provocou 344 mil internações no Brasil em 2024, diz pesquisa
Doenças como dengue e infecções feco-orais geraram R$ 49,9 milhões em custos ao SUS
19/03/2025 12h17
A falta de saneamento básico causou 344 mil internações no Brasil em 2024, sobrecarregando o Sistema Único de Saúde (SUS) e resultando em um custo de R$ 49,9 milhões aos cofres públicos.
Os dados são de um levantamento do Instituto Trata Brasil, em parceria com a Ex Ante Consultoria, e foram divulgados nesta quarta-feira (19).
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Doenças relacionadas ao saneamento inadequado, como diarreia, hepatite A, dengue, malária, leptospirose e conjuntivite, foram responsáveis pelo alto número de hospitalizações. As infecções transmitidas por insetos lideraram as internações, com 168,7 mil casos, sendo a dengue a principal causa. Em seguida, vieram as doenças de transmissão feco-oral, como gastroenterites virais e bacterianas, que somaram 163,8 mil hospitalizações.
Embora os números ainda sejam altos, houve uma queda de 3,6% ao ano na média de internações desde 2008, quando foram registrados 615,4 mil casos. No entanto, o impacto varia entre regiões.
O Centro-Oeste teve a maior incidência do país no último ano, com 25,5 internações por dez mil habitantes, impulsionadas pelo surto de dengue. No Norte, as doenças de transmissão feco-oral tiveram a maior taxa de ocorrência, com 14,5 hospitalizações a cada dez mil pessoas, o dobro da média nacional. O Maranhão foi o estado com pior situação nesse quesito, registrando 42,5 internações por dez mil habitantes.
Em 2024, 64,8% das internações foram de pacientes pretos ou pardos, enquanto a incidência entre indígenas chegou a 27,4 casos por dez mil habitantes, quatro vezes maior que a taxa nacional. Crianças de até quatro anos foram as mais vulneráveis, representando 70 mil internações (20% do total), com uma taxa de 53,7 casos a cada dez mil habitantes, três vezes acima da média nacional. Entre idosos, foram registradas 80 mil hospitalizações, correspondendo a 23,5% do total.
Além do impacto nas internações, a falta de saneamento básico também está associada a altos índices de mortalidade. Em 2023, foram registradas 11.544 mortes por doenças relacionadas ao saneamento precário, sendo 5.673 devido a infecções feco-orais e 5.394 por doenças transmitidas por insetos. Idosos representaram 76% das vítimas fatais. Apesar da queda nas mortes desde 2008, a taxa de mortalidade cresceu em 1.748 municípios do país.
Segundo o Instituto Trata Brasil, a universalização do saneamento poderia reduzir as internações em até 69%, aliviando a pressão sobre o SUS e gerando uma economia anual de R$ 43,9 milhões.
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