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Alexandre Saji
Alexandre Saji

O rapper FBC fez três apresentações em São Paulo neste fim de semana e mostrou a potência da música periférica em seus mais variados gêneros. Teve rap, funk, soul, charme, disco, eletrônico, love song. Sim, a favela produz tudo isso. E FBC é a prova desse movimento.

Nos shows lotados no Tendal da Lapa na última sexta (7) e ontem, o Padrim - como se autointitula em referência ao seu álbum de 2019 - revisitou a carreira e lembrou seu primeiro trabalho, aos 14 anos, o grupo “Erri a pe a frequência”. Disse ele que cantava nessa época do ano em festas juninas do bairro e quermesses da escola. E foi nesse clima que FBC repassou a carreira desde o álbum de estreia “Sexo, Cocaína e Assassinato” (2018), o SCA. No dia anterior, ele se apresentou na Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo para um público bem menor. “Isso me fez pensar de onde eu vim e onde estou hoje”, disse.

Em ordem cronológica, Fabricio seguiu a apresentação contextualizando os vários momentos vividos na carreira. Como na letra de “Se eu não te contar”, os cria presentes não precisaram perguntar por aí porque ele mesmo contou. Contou, cantou e impactou com as letras carregadas de protestos, romantismo e diversão.

A versatilidade de FBC
não está imprimida só no álbum. Há menos de um mês, o artista apresentou um show totalmente diferente no Nômade Festival, no Parque Villa Lobos. Sorte de quem pode assistir aos dois, como eu, para entender a grandiosidade do rapper mineiro. E o que ele tem ainda a despontar.

FBC frisou a importância dos estudos de teoria musical para compor suas canções e relembrou do encontro com o beatmaker Vhoor. Juntos, eles fizeram “Baile”, um dos discos mais inovadores de 2021. Isso se provou na execução de “Polícia Covarde”, “Delírios” e dos hits “Tá de Kenner” e “Se Tá Solteira”, cantadas em alto e bom som pelo público..

As angústias da carreira de um artista fora do eixo Rio-São Paulo também foram abordadas pelo artista e, num momento divertido, as desavenças com um tio. O mesmo que queria que ele tivesse um futuro diferente de muitos garotos na comunidade de Cabana do Pai Tomás, na periferia de Belo Horizonte, o fez olhar para a música brasileira de maneira diferente.



Dito isso, foi hora de embarcar nas canções de “O Amor, O Perdão e a Tecnologia Irão Nos Levar Para Outro Planeta”, de 2023. E quase hora de FBC deixar o palco do Tendal. Mas ele ainda carregou o público para seu “Químico Amor” e para os apaixonados começarem a semana dos namorados com “Qual a Chance?”.

Em tom confessional, o rapper ainda debochou de parte da crítica, que desdenhou dos seus álbuns. E respondendo à sua pergunta, FBC: Sim, tinha jornalista na sua plateia. E essa que escreve pede para que o público conheça sua música e o talento do artista da Cabana do Pai Tomás. Você merece mais que dois parágrafos desde sempre!

Veja entrevista com FBC no Mistura Cultural:

Adriana de Barros é apresentadora do programa Mistura Cultural nas mídias digitais da TV Cultura e da Rádio Cultura Brasil, editora do portal da TV Cultura, jurada de música da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte de São Paulo), jurada de música do Prêmio Arcanjo de Cultura.

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