Fundação Padre Anchieta

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É normal, no mundo dos quadrinhos, homenagens discretas a autores ou personagens famosos (algumas não são tão discretas assim, é verdade). Uma das minhas favoritas, por ser tão inusitada, aconteceu em 1987, quando a DC Comics apresentou sua versão de Tintim, maior personagem dos quadrinhos belgas (e um dos maiores do mundo).

Antes, uma pequena apresentação do Tintim, para quem não o conhece: criado pelo belga Hérge (1907-83), trata-se de um jovem jornalista com um topete peculiar que viveu 24 excelentes histórias retratadas em livros. Ele vive aventuras ao redor do mundo acompanhado de seu cachorro Milu e dos amigos Capitão Haddock e Professor Girassol, além dos detetives gêmeos Dupond e Dupont.

Tintim é um jornalista inteligente e atlético, mas sem poderes, uniforme ou identidade secreta. Como ele foi parar no universo de Superman, Batman e companhia limitada da DC Comics?

A DC teve, nos anos 80, a revista “Teen Titans Spotlight”, que trazia histórias dos Novos Titãs – e coadjuvantes – que não cabiam na revista mensal dos personagens. Os roteiristas e desenhistas convidados podiam apresentar aspectos diferentes dos personagens, bem como aventuras inusitadas.

E Randy Lofficier (roteiro) e Joe Orlando (arte) fizeram exatamente isso na 11ª edição da revista, lançada em junho de 1987 – e ainda inédita no Brasil. Para começar, os Titãs sequer aparecem na revista. Os protagonistas das histórias são os vilões: a perigosa Irmandade do Mal (sim, o nome é este mesmo). Eles vão parar em uma realidade paralela onde aprendem sobre misteriosos aventureiros.

E é aí que entram em cena os tais aventureiros: Tintim, Capitão Haddock e Professor Girassol! Não com esses nomes, claro – a questão de direitos autorais é séria. Bastou então, para que a história se tornasse viável, uma pequena mudança no visual e outra nos nomes – e os personagens viraram Tin, Capitão e Professor, respectivamente. Digamos que esta homenagem se enquadra na categoria “não tão discreta”... :-)

Na história da DC, ficamos sabendo que, em uma pequena nação europeia de uma dimensão paralela, o Professor preparou, em 1952, um lindo foguete vermelho que levou, pela primeira vez, seres humanos para a Lua – no caso, o Capitão e o Tin.

Aqui no mundo real, Hergé começou a publicar, em 1952, “On a marché sur la Lune”, onde lemos que, em uma pequena nação europeia (Bélgica), o Professor Girassol preparou um lindo foguete vermelho que levou, pela primeira vez, seres humanos para a Lua – no caso, o Capitão Haddock e o Tintim. Coincidência, não? ;-) Para mim, “Explorando a Lua”, como se chama em português, é um dos melhores livros do Tintim.

Não vou contar quem é o vilão da história da DC. Mas se você já leu as aventuras da DC, ou assistiu às suas adaptações em desenhos animados, reconhecerá aquele narigão...

E como HQ, "The Brotherhood is Dead" (“A Irmandade morreu”, em tradução livre) é uma boa obra? Vale a leitura? Para ser sincero, não. Vale só pela curiosidade – e para apresentar Tintim (o original) aos fãs de super-heróis que não o conhecem. Porque, como aventura, é uma barafunda só...

Homenagem por homenagem, prefiro outra. Em um álbum de 1979, Asterix e Obelix vão par a Bélgica, terra do Tintim. O jornalista topetudo (nos dois sentidos) não aparece, mas René Goscinny (roteiro) e Albert Uderzo (arte) não deixaram passar a oportunidade e colocaram os detetives Dupond e Dupont em uma cena breve, de um único quadro – discreta, mas hilária pelo diálogo.

Valeu a tentativa, DC Comics. Não foi exatamente uma boa história, mas toda homenagem e ícones dos quadrinhos, como Tintim e Hergé, são bem-vindas!