“Pátria das Charges”: uma seleção de artistas brasileiros
Na área de quadrinhos, que também acompanho de perto, gosto de pensar no Brasil como a “Pátria das Charges”
30/01/2023 09h02
O Brasil é conhecido como uma “pátria de chuteiras” por seu enorme talento para o futebol. Pelé, Garrincha, Zico, Ronaldinhos (escolha aqui o seu favorito) etc. Na área de quadrinhos, que também acompanho de perto, gosto de pensar no Brasil como a “Pátria das Charges”. Nossos especialistas na área são ótimos – e muitos.
Se temos essa vantagem geográfica, de tantos chargistas destrinchando nosso intricado noticiário político para nós, também desfrutamos de outro privilégio: vivenciamos o tempo da internet. Gerações anteriores às nossas só podiam acompanhar charges nos jornais e revistas impressos. Hoje, podemos ler também nesses lugares, mas, e isso pode ser ainda mais cômodo, acompanhar os trabalhos nas redes sociais – há muitas opções, mas eu prefiro o Instagram (e é o que indicarei aqui).
Minha ideia era escrever uma coluna indicando cinco chargistas para ficarmos de olho. Falhei: selecionei dez e não quis cortar nenhum. Então, abordo cinco nesta semana e mais cinco na próxima – ainda assim, sei que deixei muita gente boa de fora, então voltarei ao tema no futuro.
Ele se autodenomina “Cartunista das Cavernas”, mas não se engane: Gilmar não tem nada de antigo. Seu traço, nervoso e agudo, reflete um raciocínio inteligente sobre a sociedade que nos cerca. Nos últimos anos, muito do seu olhar foi para os movimentos do bolsonarismo e do trumpismo, mas ele vai além – como mostra a charge que abre este texto e retrata o golaço do Richarlyson na Copa.
Brum tem um olhar muito atento para o noticiário, o que se reflete em um trabalho antenado, engraçado e esteticamente muito bonito. Suas charges acompanham o grande tema do dia (as compras de Natal, a Copa do Mundo etc) sem se distanciarem do factual político.
É normal o chargista trabalhar com temas mais voltados para política (nacional ou estrangeira), e Jean Galvão também caminha por aí. Mas seu traço leve e divertido também aponta para outras áreas, como a cultura – esta charge, por exemplo, é uma homenagem ao gigante Erasmo Carlos feita após a sua morte.
Além de ótimo ilustrador, Dalcio tem um diferencial: a criatividade. Por exemplo, as dezenas de charges em homenagem a Gal Costa, quando ela faleceu, a mostrava em ação, cantando. Dalcio deu outro olhar: ela não aparece na ilustração – mas poucas ideias retrataram tão bem o seu talento.
Triscila Oliveira e Leandro Assis
Esta dupla ganhou espaço no início da pandemia por conta de uma ótima webcomic: “Confinada” retrata o cotidiano de uma milionária “influencer” e de uma empregada doméstica que acabam confinadas na mesma mansão por conta da pandemia de Covid. As histórias são repletas de humor e crítica social, ingredientes levados para as charges de Triscila e Leandro.
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