Coluna Hábito de Quadrinhos

O Homem-Formiga dos quadrinhos não é tão bacana quanto você pensa

O manto do Homem-Formiga, nos cinemas, passa por dois heróis: Hank Pym e Scott Lang


27/02/2023 06h17

Estreou, na semana passada, o longa “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania”, mais um capítulo do Universo Cinematográfico Marvel (MCU). Como os dois personagens são interessantes e cheios de histórias, resolvi dedicar uma coluna para cada. Na semana passada, falamos da Vespa. Convenhamos, é fácil: nos quadrinhos, é a única mulher a ser membro-fundadora nos Vingadores; liderou a equipe muito tempo; é carismática e praticamente uma unanimidade. Controverso mesmo é o legado do Homem-Formiga, como veremos abaixo.

O manto do Homem-Formiga, nos cinemas, passa por dois heróis: Hank Pym, o cientista genial vivido por Michael Douglas; e Scott Lang, o ex-ladrão que tenta compensar seu passado criminoso vivido com muita simpatia por Paul Rudd. Nos quadrinhos, ainda há um terceiro: Eric O’Grady. Em comum, todos têm histórias controversas.

O gênio: Hank Pym

O doutor Henry “Hank” Pym, o Homem-Formiga original, tem um status e tanto nos quadrinhos: é membro-fundador dos Vingadores. Ele estava lá ao lado de Hulk, Thor, Homem de Ferro e da primeira Vespa (Janet Van Dyne, sua então namorada e futura mulher).

Tudo parecia correr às mil maravilhas com ele. Embora não seja lá muito poderoso (o que alguém que pode encolher e conversar com formigas pode fazer diante de vilões divinos como Thanos e Loki?), ele tinha um papel de destaque no grupo. Afinal, todo grupo de super-heróis dos quadrinhos tem um ou dois gênios científicos, pode conferir: Liga da Justiça (Batman), X-Men (Fera), Quarteto Fantástico (Senhor Fantástico) – e os Vingadores têm dois, Homem de Ferro e Homem-Formiga.

A genialidade científica, no Universo Marvel, parece vir com um contraponto. No caso do Homem de Ferro, o alcoolismo, retratado na ótima saga “O Demônio na Garrafa”. Com Hank Pym, um comportamento que sempre fora lógico e racional foi se tornando, aos poucos, inconsequente, a ponto de colocar civis em risco durante uma batalha. Como se isso não fosse o bastante, o Homem-Formiga, em uma história de 1981, agrediu sua esposa, Vespa.

É isso: a Marvel abordou, pela primeira vez em suas histórias de escapismo com super-heróis, um tema tão delicado. A história, superficial (ainda que ousada para a época), terminou com Hank Pym sendo expulso dos Vingadores e abandonando a identidade de super-herói – além do divórcio, óbvio. Alguns anos depois ele voltaria ao grupo, mas como cientista consultar, sem usar uniforme ou poderes. Mais adiante, claro, ele voltaria a usar seus poderes e uniformes.

A longa e errática trajetória de Pym também é marcada por uma profusão de codinomes e uniformes. Com o tempo, ele passou não só a encolher, mas também a crescer e virar gigante. Assim, seus codinomes foram Homem-Formiga, Jaqueta Amarela (levei anos para descobrir que é outro nome da vespula, um tipo de vespa), Gigante (quando passou a poder crescer), Golias, Homem-Formiga de novo e até... Vespa.

Sim, Pym assumiu o codinome da esposa quando ela morreu – mas não se preocupe, é uma história de super-herói e ela ressuscitou. Atualmente, o doutor está morto – mas não se preocupe, é uma história de super-herói, então...

O regenerado: Scott Lang

É este o Homem-Formiga que nos acostumamos a ver no cinema: ex-condenado por furto, tentando se regenerar, coração bom, esforçando-se muito para ser um bom pai da pequena Cassie. Nos quadrinhos, já era o Homem-Formiga mais simpático, mas graças ao charme de Paul Rudd, ficou ainda melhor no cinema.

Criado em 1981, ano em que Hank Pym foi expulso dos Vingadores e abandonou seu lado super-herói, Lang o substitui com uma pegada muito menos científica e mais carinhosa. Sai de cena o gênio científico, entra o paizão doce e presente (sempre que possível – afinal, ele é um super-herói).

Embora suas histórias nos quadrinhos fossem normalmente solo, o carinho que recebeu dos fãs rendeu a ele um lugar entre os Vingadores e até, bem mais difícil do que isso, por se tratar de um grupinho mais fechado, no Quarteto Fantástico.

O incorrigível: Eric O’Grady

Não é maldade minha chamar Eric O’Grady de “incorrigível”: o título de sua revista mensal nos EUA era “The Irredeemable Ant-Man” – “O Irredimível Homem-Formiga”, em português. Fazia parte do seu charme ser assim, “incorrigível”.

Ou pelo menos era o que a Marvel achava. Criado em 2006 em uma pegada mais voltada para o humor, O’Grady não usava seus poderes exatamente para o bem. Foi mostrado, em mais de uma ocasião, tentando espiar mulheres, algo que sempre foi absurdo, obviamente, mas que hoje seria impublicável (abaixo, ele observa a Miss Marvel, Carol Danvers, durante o banho).

O “humor” do “incorrigível” O’Grady não agradou e o personagem morreu seis anos após ser criado, sem deixar muita saudade.

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