Coluna Hábito de Quadrinhos

Tigre falante e até porrada com o Superman: as 10 melhores histórias de Shazam


03/04/2023 06h21

Shazam surgiu nos anos 40, na esteira de uma geração de super-heróis, influenciados pelo Superman, que tinha algumas características em comum: poderes extraordinários; uniformes bacanas; identidades secretas; vilões terríveis etc.

Mas Shazam, que na época se chamava Capitão Marvel, não era apenas um “concorrente a mais” para o Superman. Billy Batson, sua identidade secreta, era um menino que dizia uma palavra mágica para virar o mortal mais poderoso da Terra, o que o aproximava de todo e qualquer leitor mirim que viesse a ter seu gibi em mãos. Com sua simplicidade e ingenuidade – e com uma mitologia incrível que não parava de crescer -, o então Capitão Marvel cresceu a tal ponto que passou a incomodar a editora do Superman, que o processou por plágio. Shazam só tinha poderes nas páginas das HQs, e saiu derrotado do processo, o que fez com que suas histórias sumissem por décadas.

Este hiato não foi o suficiente para diminuir o poder da esperança e da ingenuidade da mitologia criada em torno do personagem. Aos poucos, a DC, editora do Superman e que passou a deter seus direitos, voltou a publicá-lo – e mais uma vez ele foi um sucesso.

(Shazam ou Capitão Marvel? Marvelman? Miss Marvel? E quem é o Miracleman? Neste texto publicado no site Hábito de Quadrinhos, primo-irmão desta coluna, eu explico a confusão.)

Estreou recentemente aqui no Brasil “Shazam! Fúria dos Deuses”, dirigido por David F. Sandberg, segundo longa em que o personagem é vivido pelo carismático Zachary Levi. Neste clima de esperança, ingenuidade e alegria que o personagem evoca, aproveitei para selecionar as dez melhoras histórias de sua mitologia – na minha opinião, é claro. É uma lista subjetiva. E a sua lista, por mais diferente que seja, é tão válida quanto.

1940 – “A Origem do Capitão Marvel”, de Bill Parker e C.C. Beck

Tudo começou aqui. A ingenuidade e a esperança são representadas por um menino órfão, Billy Batson, que é visitado por um mago poderosíssimo. Graças a seu coração puro, ele receberá poderes mágicos cada vez que pronunciar uma palavra mágica (“shazam”, claro!) e se torna um poderosíssimo super-herói: o Capitão Marvel! Que criança não se identificaria? O sucesso foi imediato...

1941 – “Quarteto Vingativo”, de C.C. Beck

A mitologia do Shazam tem uma surpresa a cada esquina – e uma ingenuidade proporcional a seus poderes. Billy Batson, por ter o coração puro, ganha poderes quando fala a palavra mágica. Mas o que acontece com os outros Billy Batson espalhados pelo mundo quando dizem a palavra mágica? Ganham poderes também, claro! Surgem assim os Tenentes Marvel, conhecidos no Brasil como Marvel Cowboy, Marvel Gordo e Marvel Matuto. De quebra, trata-se da primeira vez em que o Capitão Marvel faz parte de um grupo de super-heróis: o Esquadrão da Justiça!

1941 – “A Origem do Capitão Marvel Jr.”, de Ed Herron, C.C. Beck e Mac Raboy

Se um feiticeiro poderoso deu poderes a Billy Batson, por que ele não poderia transformar outras crianças em heróis? Isto vale para Freddy Freeman, um jovem com deficiência na perna, e vale para qualquer leitor. Contanto, claro, que tenha o coração puro... Esta é a o início da expansão da mitologia do Shazam, com o surgimento de mais um herói: o poderoso Capitão Marvel Jr. Curiosidade: este herói foi o maior ídolo de ninguém menos do que Elvis Presley.

1942 – “Capitão Marvel apresenta a Mary Marvel”, de Otto Binder e Marc Swayze

Se a qualquer momento um feiticeiro desconhecido pode aparecer e te dar poderosos maravilhosos, o que te impediria de descobrir que tem uma irmã gêmea da qual não havia ouvido falar? A Família Marvel fica ainda maior com o surgimento de Mary, a gêmea perdida de Billy Batson – e, agora, a super-heroína Mary Marvel!

1947 – “O Tigre Falante”, de Otto Binder e C.C. Beck

Já temos pessoas que ganham poderes pela bondade e pela coincidência de nome, sem falar em gêmeos perdidos por aí. Mas poucas coisas podem ser mais surreais do que o tigre humanizado que atende pelo nome de Senhor Malhado. Pela bizarrice, virou um dos mais inusitados personagens da mitologia do Shazam.

1978 - “Superman Vs. Shazam: Quando As Terras Se Chocam!”, de Gerry Conway e Rich Buckler

Se você está prestando às datas destas histórias, verá que temos um salto de mais de três décadas entre a anterior e esta aqui. Não é que todas foram ruins: é que praticamente não tivemos o Capitão Marvel em ação neste período, graças ao processo judicial que a DC (do Superman) moveu sobre a editora Fawcett (do Shazam). Moveu e venceu... adquiriu os direitos do personagem e o colocou no gelo.

Um tempão depois, a DC – sabendo que tinha um herói popular em mãos – começou a usá-lo a conta-gotas, até para ver se ainda tinha público. Um desses episódios foi um álbum de luxo, publicado em formato maior, que que o Capitão Marvel (e sua poderosíssima família) enfrenta o Superman (e sua poderosíssima família). Uma HQ cheia de cor e ação, típica dos anos 70 – talvez um pouco ingênua para o olhar de hoje, mas bem menos do que as publicadas nos anos 40.

1994 - “Shazam! – A origem do Capitão Marvel”, de Jerry Ordway

Em 1986-87, a DC Comics zerou todas as suas revistas e as recomeçou do zero, dando ao leitor a oportunidade de acompanhar seus personagens favoritos desde o zero. No geral, foi um sucesso: o Superman de John Byrne, o Batman de Frank Miller, a Mulher-Maravilha de George Pérez... Já o Capitão Marvel – digamos que a nova origem não vingou.

Tanto não vingou que sete anos depois a DC tentou de novo. Jerry Ordway, cuidando do roteiro e da arte, lançou a edição especial “Shazam! – A origem do Capitão Marvel”, que depois desembocou na divertida revista mensal do personagem. Com bons roteiros e arte, além de um respeito incrível pela mitologia já existente, Ordway propiciou uma ótima readaptação do herói para o fim do século 20.

1996 – “Reino do Amanhã”, de Mark Waid e Alex Ross

Esta minissérie em quatro números aparece não só nesta lista do Shazam, mas na minha eventual lista de dez maiores HQs de todos os tempos. Waid e Ross nos entregam uma história sobre o futuro dos personagens da DC, focada especialmente em quatro personagens: Superman, Mulher-Maravilha, Batman e... Shazam. Foi o primeiro passo para colocar o Capitão Marvel (ele ainda se chamava assim) como um dos pilares da editora.

2000 – “Shazam! – Poder da Esperança”, de Paul Dini e Alex Ross

Entre 1998 e 2003, a dupla Dini e Ross publicou seis álbuns de luxo com papel especial e formato grande. Eram histórias especiais que se apoiavam em um roteiro atemporal e, principalmente, na arte realista de Ross, valorizada pela qualidade do papel e o tamanho da impressão. Os personagens homenageados foram Superman, Mulher-Maravilha, Batman e Shazam – sim, os mesmos protagonistas de “Reino do Amanhã”, também cocriado por Ross -, além de duas edições com a Liga da Justiça.

2019 – “Shazam!”, de David F. Sandberg

O primeiro longa de Shazam (que finalmente não se chamava mais Capitão Marvel) foi um dos poucos acertos do finado Universo Cinematográfico da DC (que está sendo reestruturado pelo diretor e roteirista James Gunn). Asher Angel (como Billy Batson) e Zachary Levi (como Shazam), sem falar em Jack Dylan Grazer como Freddie Freeman, acharam a medida exata para entregar um filme divertido, cheio de humor e ação.]

Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. É autor do romanceVenha me ver enquanto estou vivae da graphic novel Púrpura, ilustrada por 17 artistas dos 8 países que falam português.

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