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A DC Comics celebra, neste mês, um aniversário e tanto: os 85 anos do Superman! Embora nas HQs ele super-assopre as velinhas no dia 29 de fevereiro, no mundo real é em 18 de abril que a editora comemore seu surgimento – foi nesta data, em 1938, que a histórica “Action Comics” nº 1 foi lançada, marcando sua estreia.

Escrevi no parágrafo acima “a DC Comics celebrou”, mas, convenhamos, é uma data a ser comemorada pelos fãs de quadrinhos em geral (eu me encaixo aqui) e também pelos fãs do gênero dos super-heróis (também estou neste grupo). Por isso, resolvi aproveitar a coluna desta semana para apresentar, em ordem cronológica, as dez melhores histórias do Superman na minha opinião. Esta é, evidentemente, uma lista completamente subjetiva. A sua, com certeza, tem outras histórias. E por ser um personagem tão rico, e com uma mitologia tão gigantesca, eu não ficaria surpreso se nossas listas não tivessem nenhuma HQ em comum...

ANOS 30

A estreia do Superman”, de Jerry Siegel e Joe Shuster (1938)

A capa icônica da HQ já diz muito: uma multidão foge aterrorizada de um homem que é tão forte que podia erguer um carro com as próprias mãos. Aquilo era novidade: alguém com capacidades sobre-humanas! O nome daquela criatura era Superman, e ele é o grande precursor. Graças a ele, as tais capacidades sobre-humanas passaram a ser conhecidas como superpoderes; surgiram outros como ele, conhecidos como super-heróis; e eles se juntariam em supergrupos para enfrentar supervilões.

O único sobrevivente do distante planeta de Krypton nem era tão super assim: conseguia erguer um carro, mas não um prédio inteiro (décadas depois, moveria planetas); era rápido, mas não a ponto de quebrar a barreira da luz; enfrentava bandidos comuns, e não vilões com poderes; dava saltos altos, mas não voava. E, no entanto, criou o gênero dos super-heróis ao juntar identidade secreta, uniforme e superpoderes, tudo numa tacada só.

ANOS 40

Superman”, animação dos Fleischer Studios (1941-43)

Logo se viu que o Superman era tão grande que extrapolaria os quadrinhos. Dois anos após sua estreia, Clark Kent (ou Kal-El, como preferir) já estava fazendo sucesso nos rádios, com um seriado próprio. Em 1941, estreou como personagem de curtas animados, cortesia do estúdio Fleischer. Entre 1941 e 43, foram lançadas 17 animações de excelente qualidade, que trouxeram inovações inclusive de conteúdo: foram nestes curtas que ele passou a voar, poder que seria incorporado à sua versão em quadrinhos.

ANOS 50

A Legião dos Super-Heróis, de Otto Binder a Al Plastino (1958)

A enorme mitologia do Superman envolve tantos elementos que não dá para abordar aqui – relógio sinalizador, fortaleza da solidão, kryptonitas, kryptonês (o idioma falado por kryptonianos), a Cidade Engarrafada de Kandor...

Um dos elementos que mais gosto é a questão do legado. Superman, na cronologia DC, foi tão inspirador que, em um futuro distante, dezenas (dezenas mesmo) de heróis de dezenas (dezenas mesmo) de planetas se juntaram em um único supergrupo: a Legião dos Super-Heróis. Este curioso grupo futurístico, que tem o peculiar hábito de viajar no tempo, surgiu nesta história, em que três membros da Legião viajam no tempo para conhecer aquele que inspirou aquele enorme supergrupo: Kal-El, o último filho de Krypton.

Uma curiosidade: a Legião é de um futuro distante, e esta história foi criada em 1958. Ou seja, o “futuro distante” em que a Legião vivia era... o século 21. Depois, as aventuras da Legião foram sutilmente deslocadas para o século 30, e agora se passam no século 31.

ANOS 60

Retorno a Krypton!”, de Jerry Siegel e Wayne Boring (1960)

É comum dizer que por trás de um herói há uma tragédia – Batman, por exemplo, perdeu os pais de maneira horrível. Superman perdeu um planeta inteiro.

É comum, na mitologia do Superman, viagens no tempo – vide o tópico acima. Elas são mais comuns rumo ao futuro, mas por vezes os autores fazem com que Kal-El retorne ao passado e conheça seu planeta natal. É um recurso usado poucas vezes, pois é preciso tomar cuidado para que ele não altere o fluxo do tempo e ainda retorne ao seu “presente”.

Esta história dos anos 60 é a primeira a mostrar Kal-El, de uniforme e tudo, viajando para seu planeta. Detalhe: como Krypton é iluminado por um sol vermelho, o Superman perde seus poderes. Então, como voltar ao presente?

Detalhe para detalhes de Krypton que seriam reaproveitados, como as luas gêmeas Mithen e Wegthor (ainda sem nomes) e detalhes da geografia local, como as Montanhas de Joias e o Vulcão Dourado. Também é a primeira aparição de um dos interesses amorosos do herói: a atriz kryptoniana Lyla Lerrol. Assim como suas “concorrentes” Lois Lane, Lana Lang e Lori Lemaris – mas, diferentemente destas, hoje está praticamente esquecida.

ANOS 70

Precisa haver um Superman?, de Elliot S. Maggin e Curt Swan (1972)

Uma história diferente do Homem de Aço. Lex Luthor, Brainiac, Metallo, Mxyzptlk, Legião dos Super-Vilões: nenhum desses membros do enorme rol dos inimigos aparece. Aliás, é uma história sem vilões, mas com um confronto de ideias. Na mitologia DC, há uma raça conhecida como Guardiões do Universo – eles comandam uma espécie de força interplanetária de segurança. E eles convocam o último filho de Krypton para uma discussão: ele é mesmo necessário? A presença de um Superman realmente ajuda a Terra ou a impede de evoluir por conta própria?

Superman – O Filme”, dirigido por Richard Donner (1978)

Sim, eu sei que este é um filme e que estamos em uma coluna sobre quadrinhos. Mas esta aventura incrível foi tão impactante que marca até hoje a mitologia que envolve o personagem. Tudo aqui é bacana: da icônica atuação de Christopher Reeve como Clark Kent a Kal-El a cenas magistrais como o Superman interferindo no rumo da história, passando até pelo cartaz do filme, que não traz o personagem principal (que certamente atrairia público), mas estampa uma frase algo poética: “Você vai acreditar que o homem pode voar”.

Duvido que você ainda não tenha assistido a “Superman – O Filme”. Se não, fica a sugestão.

ANOS 80

O que Aconteceu ao Homem de Aço?”, de Alan Moore e Curt Swan (1985)

Uma história diferente do Homem de Aço. Lex Luthor, Brainiac, Metallo, Mxyzptlk, Legião dos Super-Vilões: todos esses membros do enorme rol dos inimigos aparecem – e muitos mais. Como em meados dos anos 80 a DC Comics resolveu “zerar” a cronologia dos seus personagens, Alan Moore escreveu a história que encerro a saga do Superman original. Uma história tocante, cheia de ação e drama, uma tremenda homenagem à mitologia do personagem criada até então. Afinal, além dos vilões já citados, também participaram coadjuvantes importantes (Lois Lane, Jimmy Olsen, Lana Lang, Perry White, Liga da Justiça, Krypto, Legião dos Super-Heróis) e irrelevantes (Superwoman? Vartox!?).

Superman – O Homem de Aço?”, de John Byrne (1986)

Como mencionado acima, a DC resolveu reiniciar a cronologia dos seus personagens. Para tanto, zerou a numeração das revistas – e chamou artistas no auge para pegarem seus personagens principais. Assim, Batman coube a Frank Miller; Mulher-Maravilha, com George Pérez; e o Superman, John Byrne.

Byrne começou com uma mini sem seis edições (esta que indico aqui) e depois ficou anos à frente da revista mensal do Superman. Além de um respeito enorme ao que foi feito antes dele, conseguiu imprimir ao personagem uma enorme dose de humanidade, que contrasta com a imagem “super” dele. Golaço da DC.

ANOS 90

Reino do Amanhã”, de Mark Waid e Alex Ross (1996)

Tanto a DC como a Marvel têm seus multiversos – dimensões paralelas onde os personagens seguiram outros caminhos do que os “oficiais”, o que dá aos artistas a possibilidade de experimentar sem medo. É aqui que se encaixam, também, os possíveis “futuros” destinados a seus heróis.

A mini “Reino do Amanhã”, lançada originalmente em quatro capítulos, é um dos melhores exemplos disso. A dupla Waid e Ross mostrou um eventual futuro em que os novos heróis, embora ainda poderosos, são egoístas, hipócritas e, por vezes, perigosos. Quem os pode guiar, servindo com uma bússola moral? Dica: tem uma capa vermelha e um “S” estampado no peito.

SÉCULO 21

Grandes Astros: Superman”, de Grant Morrison e Frank Quitely (2005)

Esta mini em 12 edições se passa fora da cronologia oficial da DC. Isso permitiu a Morrison & Quitely revisitaram, número a número, vários pontos da imensa mitologia do Superman: a relação com Lois Lane, a amizade com Jimmy Olsen, a vilania de Lex Luthor... Tudo envolto em uma história cheia de hipérboles (tudo é sempre muito “super”) e, ao mesmo tempo, tocante.