Estamos em dezembro. E, há algumas semanas, já pensamos em quais presentes dar de Natal (e, também, quais pedir...). Separei seis sugestões lançadas este ano, bem diferentes entre si: tem de HQ nacional a asiática, passando por argentina, de super-herói...
“A Solidão de um Quadrinho Sem Fim”, de Adrian Tomine
Obra autobiográfica de um criativo e talentoso autor, “A Solidão...” mostra vários momentos da carreira de Adrian. Ele é muito crítico, quase impiedoso, consigo enquanto apresenta a longa trajetória que vai de ser uma criança que ama HQs até se tornar um quadrinista consolidado. Suas autocríticas dão um sabor agridoce ao livro, ao mesmo tempo em que é impossível não simpatizar com ele.
“DComposição”, de Tom Taylor e Trevor Hairsine
Uma das mais interessantes HQs de super-heróis a sair em 2020 no Brasil. O problema começa com a pandemia de um supervírus. O contágio ocorre a uma velocidade estonteante e atinge a todos, humanos ou super-heróis. Não tem solução fácil. A pandemia só piora. Página a página, o terror aumenta: se o vírus é invencível, o que vai acontecer com o planeta? Morrerão, primeiramente, os heróis – a primeira frente de batalha do universo que habitam? Sem eles, a próxima a sucumbir é a esperança? Por fim, acabaria a humanidade? O que a Liga da Justiça pode fazer contra esse supervírus?
Em tempo: a obra é anterior à pandemia de Covid-19 – foi lançada no ano passado nos Estados Unidos.
“Grama”, de Keum Suk Gendry-Kim
Esta é uma das melhores HQs que li no ano. “Grama” retrata a história de uma mulher que foi, por anos, escrava sexual durante a guerra entre China e Japão, na primeira metade do século 20. A autora Keum Suk Gendry-Kim fez diversas entrevistas com ela para elaborar este livro de quase 500 páginas. Uma obra de fôlego, sensível e inteligente.
“Histórias Brilhantes”, de Alan Moore e vários artistas
Esqueça tudo o que Alan Moore fez no mundo dos super-heróis – “Watchmen”, “Monstro do Pântano” etc. Esta antologia reúne dez histórias, lançadas na Europa ou nos Estados Unidos, que abrangem momentos diferentes da longa carreira de Moore. São HQs curtas e sem personagens conhecidos, que transitam por gêneros diferentes – do terror ao biográfico, passando por ficção científica e humor negro.
“Mafalda: Feminino Singular”, de Quino
Preciso declarar parcialidade aqui. Acho excelente tudo o que o argentino Quino (1932-2020) faz – escrevi um artigo sobre ele no site Hábito de Quadrinhos. Feito este “aviso de fã assumido”, digo que “Mafalda: Feminino Singular”, lançado este mês, faz um recorte interessante: são tiras que abordam o papel da mulher na sociedade. Tantas décadas depois de sair sua última história inédita, a leitura de Mafalda continua atual e relevante.
“Silvestre”, de Wagner Willian
O ponto de partida: trata-se da história de um velho caçador que encontra animais selvagens e seres imaginários. O resultado: eleito a melhor HQ do ano no Prêmio Jabuti e vencedor do HQ Mix, o Oscar dos quadrinhos brasileiros, na categoria de melhor colorista nacional.
Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. Nascido e criado em São Paulo, é filho de um físico luso-angolano e de uma jornalista paulistana.
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