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Nós, leitores de quadrinhos, perdemos na semana passada um grande artista: Keith Giffen (1952-2023), roteirista, ilustrador e um vulcão de ideias, segundo quem trabalhava com ele. O homem transbordava criatividade, inventando histórias, situações e personagens, uma atrás da outra, sem fim.

Fã que sou de muitos de seus trabalhos, escrevi a coluna desta semana em homenagem à sua carreira: separei cinco quadrinhos para lermos (quem ainda não teve o prazer de os conhecer) ou relermos (meu caso!).

Descanse em paz, Keith!

A Saga das Trevas Eternas”, de Paul Levitz, Keith Giffen e Larry Mahlstedt

A Legião dos Super-Heróis é um dos mais divertidos supergrupos da DC. Suas histórias são ambientadas em um futuro distante, em que uma equipe de jovens superpoderosos resolve se juntar para proteger os planetas do universo. Entre tantas aventuras da LSH, poucas são tão famosas quanto a “A Saga das Trevas Eternas”, em que a Legião precisa de todos os seus aliados para enfrentar um misterioso vilão – não vou dizer quem é, apesar de a HQ ter sido publicada originalmente há mais de quatro décadas. Vai que você ainda não leu...

A fase da Liga da Justiça Internacional por J.M. DeMatteis e Keith Giffen

Se a vida lhe der limões, faça uma limonada... A DC deu aos roteiristas DeMatteis e Giffen personagens secundários da DC (Besouro Azul? Senhor Milagre? Doutora Luz? A hilária brasileira Fogo?) e falou: transformem a revista mensal da Liga da Justiça em um sucesso! E eles conseguiram. Com muito humor e mostrando o lado humano dos super-heróis, DeMatteis e Giffen edificaram uma das melhores fases da Liga da Justiça, mesmo sem poderem contar com medalhões como Superman, Mulher-Maravilha, Flash ou Aquaman.

Aquaman” (Keith Giffen, Robert Loren Fleming e Curt Swan) e “Lanterna Verde: Amanhecer Esmeralda” (Keith Giffen, Gerard Jones, Mark Bright e outros)

A DC Comics tomou uma decisão radical em 1986-87: “destruir” seu universo e “recomeçar” um novo. Assim, acabaria com décadas e mais décadas de histórias que eventualmente se contradiziam e, de quebra, dariam aos leitores uma chance de começar do zero. Títulos importantes foram cancelados e recomeçaram a partir do número 1. Dois dos grandes heróis da editora, Aquaman e Lanterna Verde, precisariam ser “modernizados” – mantendo-se, claro, as características clássicas dos personagens. Profundo conhecedor da mitologia da DC e ótimo roteirista, Giffen participou das minisséries (hoje clássicas) de ambos: “The Legend of Aquaman” para o rei da Atlântida (aqui no Brasil, apenas “Aquaman”) e “Amanhecer Esmeralda” para o guerreiro esverdeado.

L.E.G.I.Ã.O.”, de Keith Giffen, Alan Grant e Barry Kitson

Ao mesmo tempo em que reformulava personagens clássicos, a DC aproveitou a segunda metade dos anos 80 para apostar em lançamentos de personagens criativos e instigantes. Mais uma vez temos Giffen em ação, usando muito humor (como na Liga da Justiça), aventura (como na “Saga das Trevas Eternas”) e enciclopédico conhecimento da DC (como nas reformulações de Aquaman e Lanterna Verde) para criar, com o roteirista Alan Grant e o ilustrador Barry Kitson, a L.E.G.I.Ã.O..

O conceito é interessante, mas difícil de ser aplicado: uma espécie de “precursora” da Legião dos Super-Heróis, mas atuando no presente. Como fazer isso ser possível, mantendo várias ligações entre as duas equipes, de um jeito que não soasse forçado ou bobo? Giffen, Grant e Kitson conseguiram. Estas histórias não foram compiladas em encadernados no Brasil: é preciso garimpar, em sebos e gibitecas, a revista “DC 2000” (editora Abril), números 15 a 28.

Lobo – O Último Czarniano”, de Keith Giffen, Alan Grant e Simon Bisley

Quando Roger Slifer e o próprio Giffen criaram o Lobo, em 1983, não era para ter durado tanto. Ele seria apenas um vilão poderoso e violento para os Ômega Men, personagens da DC que não era muito famosos quatro décadas atrás – e continuam não sendo. Mas havia algo nele que fez com que o personagens se mantivesse por aí, fosse como membro da L.E.G.I.Ã.O., da Liga da Justiça ou em minisséries ou edições especiais. E a primeira chance que Lobo teve para brilhar sozinho foi justamente nesta minissérie, em que é contratado para defender a vida justamente da pessoa que mais odeia no universo (e olha que a concorrência é grande).

Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. É autor do romance “Venha me ver enquanto estou viva” e da graphic novel “Púrpura”, ilustrada por 17 artistas dos 8 países que falam português.