Fundação Padre Anchieta

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Este 2020 nos ensinou um montão de coisas, mas uma delas é: não faça previsões. Mesmo assim, vou me arriscar. Afinal, trocaremos de ano antes do final desta semana, e vou apontar questões para ficarmos de olho no mundo dos quadrinhos em 2021. Não são exatamente previsões, veja bem, mas uma visão sobre o que está acontecendo ou em vias de começar a rolar.

1 – Mais HQs pensadas originalmente para as redes sociais

Não é de hoje que blogs, Instagram e afins servem de trampolim para quadrinistas. Mas em 2020, talvez por conta do isolamento social a que a Covid-19 nos submeteu, eu vi uma diminuição no número de lançamentos de material físico (livros e revistas) e uma expansão no conteúdo digital.

Eu, de minha parte, vou continuar garimpando em busca de trabalhos originais pensados para as redes, de artistas novos ou já consagrados. As histórias do experiente Arnaldo Branco voltadas para o Instagram, por exemplo, são ótimas e sempre pertinentes.

2 – Isolamento social e Covid representados em quadrinhos

Ainda estamos digerindo a Covid-19, o isolamento social, as fake news relacionadas ao tema e as reações desastradas de muitas nações à pandemia. Muita coisa ainda não entendemos.

A Arte, claro, incorpora o mundo ao seu redor. Muitos quadrinhos surgidos neste ano que termina abordaram estes temas em suas histórias, e muitos ainda os discutirão em 2021. O combate à Covid-19 é uma obra em construção.

É possível que muitas das histórias que abordem Covid e isolamento surgidas digitalmente em 2020 cheguem aos livros no ano que vem. Torço para que seja o caso de obras ótimas como a brasileira Confinada, de Triscila Oliveira e Leandro Assis.

3 – Maior representatividade no universo dos super-heróis

Escrevi há algumas semanas aqui na TV Cultura sobre a representatividade nos quadrinhos. As duas editoras gigantes de super-heróis, a DC Comics e a Marvel, continuarão expandindo seu universo com mais personagens além dos homens brancos de sempre.

A DC Comics vai apresentar, em janeiro e fevereiro, um possível futuro para seus personagens na saga Future State. Repare:

- O uniforme e o codinome do Batman ficarão a cargo de um negro: Tim Fox;

- A nova Mulher-Maravilha será uma brasileira: Yara Flor;

- Haverá umx Flash não-binárix: Jess Chambers, conhecidx como Kid Quick.

A Marvel, claro, não fica atrás. Mas é mais fácil ver seus movimentos nas criações para o audiovisual, o que nos leva ao próximo item.

4 – A estreia das séries da Marvel produzidas por e para seu próprio canal

O Universo Cinematográfico Marvel (MCU) estreou em 2008, com Robert Downey Jr. protagonizando o primeiro filme do Homem-de-Ferro. De lá para cá, embora o MCU tenha conseguido se consolidar nas telonas, experimentou resultados diversos na telinha. Se “Demolidor” e “Jessica Jones” são ótimos, “Punho de Ferro” e “Inumanos” foram bem menos felizes. Em comum, todas as produções para TV saíram em coprodução com algum canal já estabelecido, como a Netflix ou a Hulu.

Isso vai mudar em janeiro, quando “WandaVision” estreia no Disney+. A Marvel está tão otimista que, no início do dezembro, anunciou dez novas produções audiovisuais para os próximos três anos, entre séries, animações e filmes. Para ver se esse otimismo é justificado, será preciso ver o desempenho da audiência dessas produções – em tempos de Covid e isolamento social, é bom lembrar.

Há um movimento especial nos lançamentos anunciados pela Marvel: a diversidade. Serão desenvolvidas em 2021, embora não necessariamente para serem lançadas no mesmo ano, as séries da Ms. Marvel (islâmica), Shang Chi (asiático) e Coração de Ferro (negra). Viva a diversidade!

5 – O formato das grandes antologias

As editoras que publicam quadrinhos no Brasil começaram a experimentar um formato diferente (e caro) em 2020: grandes antologias, com centenas de páginas, reunindo material clássico de personagens famosos.

Quando digo “grandes antologias”, não é exagero: o primeiro volume de “Conan o Bárbaro - A Era Marvel” tem quase 800 páginas, e o número 1 de “Quarteto Fantástico por John Byrne” passa de mil.

Ainda é cedo para dizer se este formato vai funcionar por aqui, mas novos volumes do tipo já estão previstos, como “Os Eternos”, que compilará 19 histórias criadas por Jack Kirby, e o segundo volume de “Conan o Bárbaro - A Era Marvel”.

Novidades (sempre bem vindas!) e quadrinhos (sempre bem vindos!) à parte, desejo a você um feliz 2021. Felicidades!

Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. Nascido e criado em São Paulo, é filho de um físico luso-angolano e de uma jornalista paulistana.

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