Fundação Padre Anchieta

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Televisão

Rádio

Todo início do ano, eu escrevo uma coluna como uma lista de desejos: 5 HQs inéditas que eu gostaria que fossem publicadas por aqui. E toda Semana da Mulher, eu repito a dose – mas, claro, aproveitando a data para reivindicar obras criadas por autoras inéditas por aqui – oi, ao menos, pouco conhecidas.

A lista deste ano está eclética: vai de uma criativa jovem autora que mistura prosa e quadrinhos a uma veterana que marcou o gênero dos super-heróis – ilustrou as histórias do Aquaman por 11 anos seguidos!

Remy Lai

Nascida em Cingapura, Remy Lai cresceu na Tailândia e hoje mora na Austrália, onde abocanhou alguns prêmios. Seus livros, voltados para o público mais novo, trazem uma mistura entre prosa e quadrinhos que a coloca no limite entre a literatura infantil e os quadrinhos, como você pode reparar pela imagem que acompanha este parágrafo. Pela inovação em sua arte e pela qualidade de seus textos, que abordam temas como imigração e mudança climáticas, gostaria muito de ver livros dela, como o recente “Ghost Book”, por aqui.

Ramona Fradon

De uma autora jovem (Lai publicou seu primeiro livro há cinco anos), vou para uma clássica: a norte-americana Ramona Fradon, falecida há poucos dias. Ramona foi uma das pioneiras no gênero dos super-heróis: já publicava na DC Comics em 1951, quando assumiu as histórias do Aquaman. Ela ilustrou mais de cem aventuras do personagem nos 11 anos seguintes, um recorde que permanece até hoje. Ela também criou personagens como Metamorfo (você o verá no próximo filme do Superman, a ser dirigido por James Gunn) e a brasileira Fogo, que por uma década foi membro importante da Liga da Justiça. Seria interessante ter uma coletânea com os principais trabalhos desta icônica autora, como sua passagem pela revista dos Superamigos (imagem que fecha este texto) – que até já saiu por aqui em edições da Ebal, mas que não são tão fáceis de encontrar em sebos.

Grace Drayton

No parágrafo acima, disse que Ramona Fradon era uma autora pioneira. É verdade, e vou continuar a lista com uma autora ainda mais desbravadora: Grace Drayton estreou como artista no século 19! Em 1895, mais precisamente. Seu traço é delicado e leve: suas personagens são crianças ou bichinhos. Teve algumas séries de sucesso no início do século passado, como “Bobby Blake” e “Dolly Drake”. Seu trabalho mais famoso, o fofo “The Pussycat Princess”, até já saiu no Brasil, como “Gatinha Princesa”, mas foi há tanto tempo que eu não era nascido – nem você, provavelmente: entre 1935 e 37!

Hisaya Nakajo

Artista que faleceu cedo (aos 50 anos, no final de 2023), a japonesa Hisaya Nakajo deixou uma série que fez muito sucesso e que permanece inédita por aqui: “Hana-Kimi”. Lançado por quase uma década, entre 1996 e 2004, este romance conta a história de uma estudante que se apaixona por um atleta que viu na TV. Ela quer se aproximar dele – estudar na mesma escola, de preferência. Infelizmente, ele estuda em um instituto apenas para rapazes – o que a leva a se disfarçar de menino para estudar lá.

Nine Antico

O prestigioso Festival de Angoulême de Quadrinhos homenageou seis quadrinistas em sua edição deste ano. Duas são mulheres: a japonesa Moto Hagio e a francesa Nine Antico. Moto Hagio eu já citei em minha “lista de desejos” do início do ano, então não vou me repetir. Nine Antico começou sua carreira nos quadrinhos com seu fanzine “Rock this way”. Seu álbum de estreia foi “Le Goût du Paradis” – uma boa estreia, se levarmos em conta que foi indicado na categoria “prêmio revelação” de Angoulême. De lá para cá, seu trabalho autoral e independente já rendeu mais três livros na seleção do prestigioso festival – inclusive a obra mais recente, “Madones et Putains”.


Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. É autor do romance “Venha me ver enquanto estou viva” e da graphic novel “Púrpura”, ilustrada por 17 artistas dos 8 países que falam português.