Fundação Padre Anchieta

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Hoje, é fácil encontrar quadrinhos de super-heróis em vários formatos diferentes: revistas mensais, tiras de jornais, webcomics, minisséries, edições especiais, antologias, omnibus de mais de 500 páginas etc. Há lançamentos com Batman, Wolverine e Homem-Aranha em todos esses formatos com uma frequência enorme. Mas, lááá atrás, nós, leitores, só tínhamos nossas revistas mensais.

Eis que as gigantonas DC e Marvel começaram, no final dos anos 70 e início dos 80, a experimentar formatos diferentes. A DC lançou duas minisséries experimentais: a curta “The World of Krypton”, estrelada pelo Superman, e a arriscada “Camelot 3000”. Digo arriscada por dois motivos: era longa para os padrões da época (12 números) e seus protagonistas não eram super-heróis conhecidos. Felizmente, o conteúdo era excelente, e a revista fez muito sucesso (curiosamente, nunca houve continuação).

Naquela mesma época, a Marvel enveredou por um caminho similar de experimentação, e também interessante: a coleção “Marvel Graphic Novel”, que teve 75 números entre 1982 e 93. Na época, o conceito de “graphic novel” era diferente do de hoje. Significavam histórias especiais, fechadas (sem continuação) e em edição de luxo (normalmente papel melhor e formato maior).

As edições da “Marvel Graphic Novel” não tinham fórmula fixa:

- Algumas eram histórias com personagens criados especialmente para aquela edição, e nem precisavam ser super-heróis (acima, a capa de “Elric – The Dreaming City”);

- Havia adaptações de romances ou filmes;

- Podia haver, claro, uma graphic novel com um personagem famoso (o Homem-Aranha teve algumas) ou para lançar super-heróis (os Novos Mutantes, herdeiros dos X-Men, surgiram no quarto número da coleção);

- E havia espaço para lançar personagens que depois ganhariam seus próprios títulos mensais, fossem eles dentro da cronologia normal da editora (como os citados Novos Mutantes) ou no selo Epic, voltado para títulos adultos.

Muitos destes títulos saíram aqui no Brasil, como os excelentes “Deus Ama, o Homem Mata” (estrelado pelos X-Men), “A Morte do Capitão Marvel” (em que ele realmente morre) e “A Morte de Groo” (em que o protagonista não morre, só acha que morre – é uma HQ de humor).

Nem tudo, claro, foi só acerto: “Void Indigo – Prelúdio de uma Vingança” é das piores coisas que já consumi na vida, ao lado do filme “Batman vs Superman: A Origem da Justiça” e outras coisas que infelizmente ainda não esqueci. “Void Indigo” ia até virar uma minissérie, mas as críticas foram tão pesadas que a Marvel teve de recuar.

Enfim, apesar de muita coisa legar já ter saído por aqui, ainda há muito material inédito. Deixo alguns títulos como sugestão... Quem sabe um dia não rola?

The Inhumans”: esqueça a mini ruinzinha que a Marvel fez para a TV. Os personagens da série dos Inumanos são fascinantes, com seus poderes que por vezes lembram maldições, e sua sociedade profundamente desigual e injusta. Este álbum é ilustrado por Bret Blevins, mas eu o selecionei por outro motivo: o enredo é da ótima Ann Nocenti, que criou uma das melhores fases do Demolidor.

Star Slammers”: HQ de ação e ficção científica escrita e ilustrada por ninguém menos que Walt Simonson, o mesmo que teve uma passagem incrível pelo poderoso Thor. Esta aventura de origem se passa em um futuro e planeta indeterminados – ou seja, dá para Simonson deitar e rolar na arte. Vemos aqui o grupo de mercenários que dá nome à obra entrando em uma ação para defender um povoado de seus poderosos rivais.

The Futurians”: Dave Cockrum foi um ótimo criador de personagens e artista de supergrupos de super-heróis – vide suas marcantes passagens na Marvel (X-Men) e DC (Legião dos Super-Heróis). Com The Futurians, ele tem um supergrupo para chamar de seu e usar sua ótima arte para desenvolver as aventuras como bem entender - afinal, estes são seus próprios super-heróis: Avatar, Mosquito, Werehawk...

Hercules – Prince of Power: Full Circle”: o Hércules da mitologia sempre foi um personagem trágico. Já o da Marvel, não: bem-humorado, fanfarrão e... um eterno coadjuvante. Só aparecia em histórias como membro de supergrupos, como os Vingadores ou os Campeões. Foi protagonista em poucas ocasiões, como na divertida fase de Greg Pak, em que chegou até a ganhar uma revista mensal (de 2008 a 2010). Mas duas décadas antes disso, “o incrível Herc” teve chance de brilhar por si próprio, nesta HQ escrita e ilustrada por Bob Layton. A história é uma das famosas dimensões paralelas do multiverso Marvel, mas é o mesmo deus grego.

Greenberg – The Vampire”: Inumanos e Hércules são personagens que já existiam no universo Marvel antes de ganharem suas graphic novels, enquanto Star Slammers e Futurians surgiram nestas edições para depois ganharem vidas próprias em outras revistas. “Greenberg – The Vampire” não é como eles: trata-se de uma história única, fechada em si, sobre um escritor sem muito sucesso. Ah! Por acaso, ele também é um vampiro...

Por mais que eu goste da arte do Mark Badger, o que me atraiu aqui foi o nome do excelente escritor J.M. DeMatteis. O que virá daqui? Um conto de horror como “Blood”? Uma história existencial como “Moonshadow”? Um misto de humor a aventura como sua fase na revista da Liga da Justiça? Todas as anteriores... ou nenhuma delas?

Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. É autor do romance “Venha me ver enquanto estou viva” e da graphic novel “Púrpura”, ilustrada por 17 artistas dos 8 países que falam português.