Coluna Hábito de Quadrinhos

O que Sana Takeda, Rachel Smythe, Mariko Tamaki e Jillian Tamaki têm em comum?


12/08/2024 10h29

O Eisner Awards, o maior prêmio norte-americano dedicado aos quadrinhos, é concedido desde 1988 para homenagear os principais artistas publicados nos EUA no ano anterior. Com dezenas de categorias, é difícil apontar um “grande vencedor” a cada ano, seja ele artista ou obra.

Observando os premiados de 2024 (a lista completa está no Hábito de Quadrinhos, site primo-irmão desta coluna), notei que apenas duas categorias tiveram campeões pelo terceiro ano consecutivo. Apenas uma obra, criada por duas primas, conquistou três “modalidades” diferentes. Pode-se dizer que as quatro artistas envolvidas – curiosamente, nenhuma delas americana – estão entre as grandes vencedoras deste ano. Claro, outros podem ser incluídos neste grupo, mas este é apenas um recorte entre muitos possíveis.

Pelo enorme talento contemplado nestes prêmios, acho que vale trocarmos algumas palavrinhas sobre elas.

Sana Takeda

Nascida e criada no Japão, Sana Takeda iniciou sua carreira como designer na Sega, criadora de videogames. Em 2006, entrou no mundo das HQs, trabalhando para a Marvel Comics em volumes isolados de personagens como X-Men e Hulk. Takeda ganhou destaque com a série contínua “Monstress”, onde ilustra os roteiros da americana Marjorie Liu.

Monstress é um épico de fantasia ambientado em uma sociedade matriarcal e mágica, inspirada na cultura asiática. A saga já venceu o Eisner Awards em oito ocasiões diferentes, com cinco prêmios individuais para Takeda: melhor capista em 2018 e melhor artista multimídia em 2018, 2022, 2023 e 2024.

As histórias de Monstress já foram compiladas em oito volumes, mas apenas o primeiro foi publicado no Brasil, em 2020. Outro trabalho interessante de Takeda, também em parceria com Liu, é a trilogia de terror The Night Eaters, ainda inédita por aqui.

Rachel Smythe

Já mencionei Rachel Smythe algumas vezes nesta coluna... Afinal, ela é uma das minhas quadrinistas contemporâneas favoritas. A neozelandesa é responsável pelo excelente “Lore Olympus: Histórias do Olimpo", publicado originalmente em capítulos semanais aqui. A série, que reimagina o mito grego do relacionamento entre Hades e Perséfone nos dias atuais, conta com 280 capítulos reunidos em livros (o quarto volume está sendo lançado aqui).

Essa adaptação mitológica nos presenteia com um romance cativante, repleto de cenas dramáticas e hilárias, abordando temas profundos como traumas, relacionamentos abusivos e as complexas relações familiares. Não por acaso, Lore Olympus venceu o Eisner Awards na categoria webcomic de 2022 até este ano.

Mariko Tamaki

A canadense Mariko Tamaki é a mais prolífica e experiente desta lista. Após 16 anos de quadrinhos autorais, começou a trabalhar também para a Marvel e DC em 2016. Desde então, conquistou cinco Eisner Awards: dois como roteirista (2020, por “Arlequina: Quebrando Vidraças” e “Laura Dean Vive Terminando Comigo”; e 2024, por “Roaming”), melhor publicação para adolescentes (2020, Laura Dean..., com arte de Rosemary Valero-O'Connell) e duas vezes por melhor graphic novel inédita em parceria com sua prima Jillian Tamaki: “Aquele Verão” (2015) e “Roaming” (2024).

Mariko Tamaki navega com habilidade por gêneros diversos, desde dramas de amadurecimento (Aquele Verão) até super-heróis (como sua passagem pela revista da Mulher-Hulk) e abordagens autorais sobre heróis consolidados (I Am Not Starfire).

Jillian Tamaki

Se Mariko é voltada para o roteiro, sua prima Jillian Tamaki se destaca nas ilustrações. Ela deu vida às palavras de Mariko nas premiadas graphic novels “Roaming” e “Aquele Verão” e, antes delas, em “Skim (ilustração abaixo), inédita no Brasil, que aborda temas como sexualidade, suicídio e busca por identidade, centrada em uma adolescente.

Jillian, um pouco mais jovem que Mariko (44 anos, ante 48 da prima), também possui uma carreira considerável e premiada nos quadrinhos. Um de seus trabalhos mais aguardados para lançamento no Brasil é Gilded Lilies (imagem abaixo), de 2006. A primeira parte do livro é uma coletânea de ilustrações, pinturas e quadrinhos curtos. A segunda metade é composta por “The Tapemines", uma história sem palavras protagonizada por duas crianças em um ambiente surreal.

Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. É autor do romance “Venha me ver enquanto estou viva” e da graphic novel “Púrpura”, ilustrada por 17 artistas dos 8 países que falam português.

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