A Marvel (que quando eu cresci era uma gigante dos quadrinhos, e hoje virou uma gigante do entretenimento, especialmente audiovisual) está celebrando 85 anos neste 2024. Para comemorar, está lançando revistas com capas especiais, vídeos destacando momentos dos filmes e seriados etc.
Eu gostaria de escrever uma coluna destacando dez obras que “resumissem” os 85 anos da gigantesca Marvel. Impossível, claro. Mas aqui vai minha humilde contribuição, em ordem cronológica:
1941 – “Conheça o Capitão América”, de Joe Simon e Jack Kirby
A Marvel foi fundada em 1939. Em seus primeiros anos, na chamada Era de Ouro dos Quadrinhos Norte-Americanos, lançou personagens basilares do gênero dos super-heróis, como Namor e o Tocha Humana original. O que fez mais sucesso – e faz até hoje – é o Capitão América. Esta história saiu em várias edições no Brasil, sendo a mais recente “Capitão América: Antologia”.
1961 – “O Quarteto Fantástico”, de Stan Lee e Jack Kirby
Foi no início dos anos 60 que a Marvel cresceu de verdade como editora, investindo no gênero dos super-heróis. Os gigantes Stan Lee e Jack Kirby inventaram uma leva incrível de personagens, como Hulk, Vingadores e X-Men. Destaco aqui o título que abriu caminho: o Quarteto Fantástico. Sua história de origem foi publicada muitas vezes por aqui, como em “Quarteto Fantástico: Antologia”.
1973 – “O dia em que Gwen Stacy morreu!”, de Gerry Conway e Gil Kane
Após uma década incrível criando e estabelecendo seus personagens, nos anos 60, a Marvel marcou muitos pontos com uma das histórias mais dramáticas das HQs americanas até então: o assassinato de Gwen Stacy, o interesse romântico do Homem-Aranha. (Pode ser lida em “O Espetacular Homem-Aranha - Edição Definitiva n° 8”.)
1975 – “X-Men – Segunda Gênese!”, de Len Wein e Dave Cockrum
Os X-Men foram criados por Stan Lee e Jack Kirby no início dos anos 60. Apesar da metáfora ótima (pessoas excluídas da sociedade por serem “diferentes”), não emplacou. Foi apenas no meio dos anos 70, com a reestruturação da equipe mostrada em “Segunda Gênese!” e a posterior enorme fase escrita por Chris Claremont, que os X-Men se tornaram o fenômeno que são hoje. (No Brasil: “Os Fabulosos X-Men - Edição Definitiva n° 5”.)
1982 – “A Morte do Capitão Marvel”, de Jim Starlin
Quase uma década após a morte da namorada do Homem-Aranha, a Marvel deu um passo adiante: um dos seus mais poderosos super-heróis, o Capitão Marvel, morre em uma história dramática e muito bem-feita. O protagonista e o leitor são surpreendidos por um lento e doloroso câncer, em vez de um sacrifício em combate, como seria de se esperar do gênero. (“A Morte do Capitão Marvel”.)
1986 – “Demolidor - A Queda de Murdock”, de Frank Miller e David Mazzuchelli
A Marvel tem heróis poderosos, deuses, viajantes do tempo... Mas não é preciso nada disso para constituir um “herói” de verdade. Vide o Demolidor e a excelente saga “A Queda de Murdock”. Trata-se de uma história incrível sobre derrotas, perseverança e reconstrução. (“Marvel Essenciais: Demolidor - A Queda de Murdock”.)
1996 – “Marvels”, de Kurt Busiek e Alex Ross
Os anos 90 não foram fáceis para a Marvel. Decretou falência em 1996, e muitas decisões editoriais foram digamos, questionáveis (dá para desler a “Saga do Clone”?). Em meio a este caos, o sempre competente Kurt Busiek e o então estreante (e hoje astro) Alex Ross nos brindaram com esta minissérie, uma verdadeira obra de amor à Marvel e seus principais personagens. (“Marvel Essenciais: Marvels”.)
2000 – “Ultimate Homem-Aranha”, de Brian Michael Bendis e Mark Bagley
A Marvel fez várias tentativas de apresentar universos novos para seus leitores – seja com heróis inéditos (“Novo Universo Marvel”), seja com reinterpretações de personagens conhecidos (“Universo 2099”). Nada deu muito certo, até Brian Michael Bendis e Mark Bagley reinterpretarem, com criatividade e nostalgia, o Homem-Aranha na dimensão do multiverso conhecida no Brasil como Universo Ultimate. (“Marvel Essenciais: Ultimate Homem-Aranha”.)
2008 – “Homem de Ferro”, dirigido por Jon Favreau
Sim, eu sei que esta é uma coluna sobre quadrinhos, mas não dá para dissociarmos a Marvel do seu incrível MCU (sigla em inglês para Universo Cinematográfico Marvel). E tudo começou aqui, com este divertido filme protagonizado por um Robert Downey Jr. mais carismático do que nunca.
2014 – “Ms. Marvel - Nada Normal”, de G. Willow Wilson e Adrian Alphona
O gênero dos super-heróis já está tão bem estabelecido e com centenas (milhares?) de personagens que é muito difícil trazer frescor para as páginas das HQs. Mas a escritora G. Willow Wilson e o artistas Adrian Alphona acertaram a mão com a jovem e carismática heroínas Ms. Marvel (“Ms. Marvel - Nada Normal”.)
Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. É autor do romance “Venha me ver enquanto estou viva” e da graphic novel “Púrpura”, ilustrada por 17 artistas dos 8 países que falam português.
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