Nós, fãs de quadrinhos, perdemos na semana passada o talento de John Cassaday, que teve passagens marcantes por X-Men (que lhe rendeu três prêmios Eisners) e Capitão América, entre muitas outras. Suas páginas eram dinâmicas, cheias de movimentos e emoção, e por vezes dispensavam recursos narrativos tal era sua capacidade de contar uma história apenas por meio de imagens.
Em sua homenagem, separei aqui cinco momentos de sua marcante trajetória nas HQs.
“X-Men e Tropa Alfa” (1998), de John Cassaday e Ben Raab
John Cassaday estreou nos quadrinhos em 1994, atuando em publicações independentes. O editor e roteirista Mark Waid (de “O Reino do Amanhã”) conta ter sido ele quem o levou para trabalhar nas grandes editoras em 1997, quando Cassaday começou com histórias avulsas. Elas agradaram, e no ano seguinte a Marvel o colocou para co-roteirizar e ilustrar “X-Men e Tropa Alfa”, uma curta minissérie que serviu para recolocar os heróis canadenses como relevante dentro da editora.
Nesta minissérie, ainda que ele estivesse em início de carreira, já era possível ver o dinamismo de suas páginas e sua ótima capacidade narrativa. Esta HQ saiu no Brasil em “Grandes Heróis Marvel” nº 65, da editora Abril.
Seu trabalho mais duradouro, ainda que não tão extenso: foram apenas 30 números. “Planetary” é uma HQ focada em um pequeno grupo de super-heróis: são apenas três integrantes. Suas aventuras, curtas, trazem viagens ao redor do mundo explorando o desconhecido e o estranho, com inúmeras referências à cultura pop, de filmes policiais japoneses aos longas de ficção científica da primeira metade do século passado.
“Capitão América – O Novo Pacto” (2002), de John Ney Rieber e John Cassaday
Nenhum personagem dentro da Marvel representa tão bem os Estados Unidos quanto o Capitão América. Quando o monstruoso ataque de 11 de Setembro mudou o mundo, em 2001, a editora cancelou sua revista mensal do personagem e a relançou com um apelo diferente. O roteirista John Ney Rieber e Cassaday estiveram por trás desta abordagem – a primeira cena desta nova fase é dramática, com o Capitão América procurando sobreviventes nos escombros do World Trade Center.
“Eu Sou Legião” (2004), de Fabien Nury e John Cassaday
O talento cinematográfico de Cassaday não esteve a serviço apenas do gênero dos super-heróis. Em meados da primeira década deste século ele ilustrou uma trilogia para o mercado francês. O roteiro de Fabien Nury era uma poderosa história de terror ambientada na Segunda Guerra Mundial – como se o nazismo já não fosse horror suficiente.
“Surpreendentes X-Men” (2004-08), de Joss Whedon e John Cassaday
Cassaday se juntou a Joss Whedon, mais conhecido por seu trabalho no setor audiovisual (dirigiu os dois primeiros filmes dos Vingadores e criou a série “Buffy”) para uma longa e divertida jornada com os X-Men. Em dois anos e 25 edições juntos, eles apresentaram um tom nostálgico, homenageando muito do que veio antes, para também apresentarem mudanças significativas e novos personagens.
Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. É autor do romance “Venha me ver enquanto estou viva” e da graphic novel “Púrpura”, ilustrada por 17 artistas dos 8 países que falam português.
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