Na semana passada, aproveitei meu espaço aqui na coluna para listar cinco HQs inéditas no Brasil que adoraria que fossem publicadas por aqui: a espanhola “El Cuerpo de Cristo”, de Bea Lema; a série de super-heróis “Justice League 3000”, de J.M. DeMatteis, Keith Giffen e Howard Porter; o clássico francês “Les Pieds Nickéles”, de René Pellos; o mangá “Yawara!”, de Naoki Urasawa; e “Yes, I'm Hot in This: The Hilarious Truth about Life in a Hijab”, da norte-americana Huda Fahmy. Hoje, volto ao tema, com mais cinco quadrinhos da minha infinita listinha de desejos...
“How War Begins”, de Igort
Igor Tuveri, que assina como Igort, é um quadrinista italiano com considerável experiência no ramo: publica desde 1980. Passou por histórias de máfia, dramas e autobiográficas, apresentando trabalhos ora com influência japonesa, ora da antiga União Soviética – ele é casado com uma ucraniana. Neste livro, ele procura dar uma versão humanizada da invasão russa à Ucrânia, retratando nomes e histórias de pessoas que tiveram (e estão tendo, aliás) suas vidas arruinadas pela guerra.
“Mars”, de Fuyumi Souryou
Fuyumi Soryo é um nome importante no hall das grandes mangakás, mas permanece inédita no Brasil. Sua obra mais famosa talvez seja “Mars”, publicado entre 1996 e 2000 e reunido em 15 volumes. Trata-se da história do romance entre um playboy encrenqueiro, que é um motociclista profissional, e uma introvertida artista. Este resumo dá a entender que se trata de uma história leve, mas não é o caso: é um drama de amadurecimento que passa por temas como traumas de violência sexual e suicídios na família.
“Nancy”, de Ernie Bushmiller
Ernie Bushmiller é um grande nome das tiras publicadas em jornais americanos. Escreveu e ilustrou “Nancy”, sobre a doce e simpática menina de 8 anos que dá título à série, entre 1938 e 82, quando morreu. Para ser sincero, algumas histórias de “Nancy” até já saíram no Brasil: 17 delas foram publicadas antes de eu nascer, nos anos 70, e apenas uma neste século, em um fanzine. Curiosamente, seu nome recebeu três traduções diferentes, dependendo da editora: Xuxuquinha, Teca ou Suzi. Uma personagem com sua importância para as HQs, com o traço enxuto e elegante de Bushmiller, merece um resgate histórico em uma edição caprichada com artigos de contexto e a publicação de suas tiras em ordem cronológica.
“Nancy”, de Olivia Jaimes
Sim, é a mesma Nancy do parágrafo anterior. A tira não parou de ser publicada com a morte do autor, e desde 2018 está nas mãos da americana Olivia James, que atualizou a história para tempos contemporâneos – com direito a smartphones, mídias sociais e até piadas metalinguísticas (como esta).
“The Puerto Rican War”, de John Vásquez Mejías
Uma obra que reúne conteúdo interessante (e importante) com beleza estética em uma forma rara de fazer quadrinhos. Mejías conta a história dos revolucionários porto-riquenhos que lutaram contra o colonialismo americano em 1950 por meio de um rico trabalho de xilogravura (ilustrações talhadas na madeira).
Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. É autor do romance “Venha me ver enquanto estou viva” e da graphic novel “Púrpura”, ilustrada por 17 artistas dos 8 países que falam português.
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