Uma das maiores quadrinistas do Brasil (e, para mim, uma das 15 maiores do mundo em atividade), Laerte completou 70 anos na semana passada. Como presente, os leitores ganharam um site oficial, com direito a lojinha e tudo: Laerte.art.br.
E eu, aqui no meu cantinho do Hábito dos Quadrinhos, quis aproveitar a oportunidade para selecionar sete (só sete!) livros que representem a vasta obra da Laerte.
Laerte ficou mais conhecida graças a estes personagens anárquicos e hilários, que eram publicados em tiras nos jornais e em revista própria. Em suas histórias, valia tudo: lembro de uma em que os Piratas tentavam assassinar o poeta português Fernando Pessoa (!?). Fracassaram, claro! Em 2007, esta série foi reunida em três volumes de capa dura.
Ainda estamos na fase de personagens fixos e humor escrachado. Overman é o meu favorito, ao lado de Deus (logo abaixo): uma sátira divertida do universo de super-heróis, com direito a uniforme colorido, supervilões e identidades secretas. Aliás, a identidade do Overman é tão secreta que nem ele mesmo lembra quem é.
Sim, é uma tira de humor com personagem fixo. Mas há algo de diferente por aqui. O Deus de Laerte às vezes flerta com o lirismo, às vezes com a reflexão filosófica. E às vezes é “só” muito engraçado mesmo...
Um tira fofa, fofa voltada para o público infantil. Sua estrela é a serelepe Suriá, filha de artistas circenses e, claro, encantadas com tudo relacionado ao universo do circo: os animais, a alegria, as pessoas...
“Laertevisão – Coisas que não esqueci”
Um misto de memórias da infância e da adolescência com reflexões sobre o início da era da televisão aqui no Brasil. Esqueça os personagens fixos tradicionais: você vai se deparar com a própria Laerte como personagem, refletindo sobre si mesma e o mundo ao seu redor.
Uma das poucas graphic novels da Laerte. Uma homenagem aos seriados de televisão do século passado, mas com sutilezas que convidam a uma segunda leitura imediatamente ao terminar a primeira.
Uma graphic novel completamente diferente: história tensa, e sem humor, sobre o relacionamento difícil entre dois vizinhos. Infelizmente, difícil de ser encontrada.
Brinde: “Manual do Minotauro”
Coloquei como brinde porque ainda não li. Comprei no pré-lançamento, e segundo a livraria só chega aqui em casa em julho. Mas é um material que promete: são 1.500 tiras em mais de 400 páginas com a mais recente (e belamente experimental) fase da Laerte.
Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. É autor do romance “Venha me ver enquanto estou viva” e da graphic novel “Púrpura”, ilustrada por 17 artistas dos 8 países que falam português.
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