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Muito tempo atrás, quando era criança, a professora de português pediu uma redação sobre nossos ídolos. Teria sido mais fácil se eu escrevesse sobre o Zico. Afinal, lia a “Placar” semanalmente e havia matérias sobre ele e o brilhante Flamengo que comandava nos jornais e nas TVS. Mas escrevi sobre o roteirista-ilustrador anglo-canadense John Byrne. A professora curtiu: fui o único menino a não retratar um futebolista.

Por isso, estou muito feliz de ver a “onda” de John Byrne, entre republicações e novidades, que estamos vendo agora:

- A Panini está republicando toda a passagem de Byrne pelo primeiro super-herói de todos na coleção “A Saga do Superman”, prevista para ter 12 volumes;

- A mesma editora republicou a fase completa dele no Quarteto Fantástico em apenas dois (gigantescos) volumes: “Quarteto Fantástico por John Byrne”;

- Há republicações previstas para os próximos meses, como “As Muitas Mortes do Batman” e “Vingadores – A Busca pelo Visão”;

- A inédita “Operação High Ways” alcançou sua meta no Catarse;

- A biografia “John Byrne – O Gênio Indomável”, de Rodrigo Talayer, também bateu sua meta no Catarse.

Aproveito o momento para apresentar um ranking com os seis melhores momentos de Byrne nos quadrinhos – seriam cinco, mas não consegui cortar algum. Para deixar claro: é uma lista pessoal, subjetiva e nada definitiva... Tenho certeza de que outros fãs discordam. Natural, né? Felizmente, não foram poucos os ótimos trabalhos criados por ele :-).

6º - “Estigma”, de John Byrne

Em 1986, a Marvel quis oferecer uma alternativa aos fãs de quadrinhos de super-heróis cansados de uma cronologia já confusa (iria piorar muito a partir daí...). Inventou o Novo Universo Marvel, ambientado em outra dimensão, com oito personagens completamente novos. O que havia em comum: quase todos haviam ganhado poderes a partir do inexplicável fenômeno chamado Evento Branco. A ideia é que os leitores fossem atraídos por roteiros envolventes e personagens cativantes, mas deu tudo errado.

Quando estava prestes a fechar o caixão do Novo Universo Marvel, a editora chamou Byrne para arrumar a confusão. Em apenas nove histórias, focadas no super-herói Estigma, o artista explicou o Evento Branco, deu camadas incríveis ao personagem e, de quebra, criou uma das melhores sagas da editora na década.

Estas histórias saíram em antigas edições de “Superaventuras Marvel”, da editora Abril, e nunca mais foram republicadas.

5º - “Superman e Batman – Gerações”, de John Byrne

Série composta por três minisséries (o link acima vai para a primeira) que parte da seguinte premissa: o que aconteceria se o Superman e Batman tivessem surgido no ano em que foram criados (1938 e 39, respectivamente) e envelhecessem “em tempo real”? Como seriam seus filhos, suas vidas, seus inimigos, suas aventuras? A história passa por décadas e décadas para trazer as respostas. Há espaço para participação de dezenas de personagens da editora (Mulher-Maravilha, Lanterna Verde, Coringa, Lex Luthor), mas eles só podem aparecer na HQ a partir do ano em que surgiram no mundo real. Uma verdadeira ode de amor à mitologia da DC Comics.

4º - “X-Men”, de Chris Claremont e John Byrne

Esta é a fase que catapultou a carreira de Byrne: os anos em que esteve com o escritor Chris Claremont no comando da revista mensal dos X-Men, de dezembro de 1977 a março de 1981. Nas primeiras edições, era desenhista; depois, virou co-roteirista. Duas sagas incríveis vieram desta fase: “Dias de um Futuro Esquecido” e “A Saga da Fênix Negra”. Não à toa, ambas influenciaram não só a estimada série animada dos X-Men dos anos 90 como alguns (sim, no plural) longas da série para o cinema que durou duas décadas.

3º - “A Saga do Superman”, de John Byrne

Sabe o que a Marvel fez em 1986, criando um novo universo para atrair novos leitores? A DC também teve, na mesma época, a percepção de que sua cronologia estava uma zona, mas tomou uma atitude diferente. Resolveu zerar todas as suas histórias. Isso mesmo! Encerrou os títulos e começou a contar tudo de novo – dessa vez, sem pressa, em um universo teoricamente conectado.

E quem poderia fazer isso com o primeiro super-herói de todos? Ele mesmo, John Byrne. Por três anos, ele reinventou o Superman, escrevendo e ilustrando histórias incríveis e cativantes, enfatizando o “homem” (coração) antes do “super” (poderes). Conto aqui mais sobre essa incrível fase.

2º - “Quarteto Fantástico”, de John Byrne

Com o sucesso com X-Men (e antes da fase com o Superman), a Marvel percebeu que tinha um baita talento em mãos. E deu a John Byrne a chance de voar sozinho. Foram cinco anos incríveis, escrevendo e ilustrando algumas das melhores histórias do Quarteto Fantástico até hoje. Por exemplo:

  • A fase em que o Quarteto Fantástico viaja para uma dimensão paralela chamada Zona Negativa, onde até as leis da física são diferentes –Byrne aproveitou para mudar o layout das páginas, e você tinha que virar a revista na horizontal para ler;
  • A emocionante segunda gravidez de Sue Richards, a Mulher-Invisível;
  • O confronto com Galactus, o Devorador de Mundos, e o dilema moral que se segue: você salvaria um ser quase divino que se alimenta de mundos (por vezes habitados)?

1º - “Mulher-Hulk”, de John Byrne

A fase mais autoral de Byrne. Sim, é uma história de super-heróis – super-heroína, no caso. Mas havia muito humor e liberdade – a Mulher-Hulk sabia que estava em uma história em quadrinhos... Então, conversava com o leitor, reclamava com o próprio Byrne de roteiros rocambolescos ou de artes preguiçosas etc... Uma fase incrível, divertida e, felizmente, não datada (falo sobre ela nesta coluna). Até hoje, diversão garantida.

Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. É autor do romanceVenha me ver enquanto estou vivae da graphic novel Púrpura, ilustrada por 17 artistas dos 8 países que falam português.