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O novo filme do Homem-Aranha está chegando! É um bom momento para apresentar uma lista com as melhores histórias do nosso aracnídeo favorito, certo? Estas indicações podem servir de apresentação aos quadrinhos para quem conhece o personagem pelos filmes e desenhos animados – ou de dica para quem já lê as HQs, mas não conhece algumas histórias clássicas.

Já fiz listas como esta aqui mesmo na coluna ou no seu irmão-gêmeo, o site Hábito de Quadrinhos. Normalmente, pego o mesmo número de histórias para cada década de existência do personagem. Como o Aranha tem 60 aninhos (foi criado em 1962), seriam seis histórias, certo? Mas seria pouco!

O Homem-Aranha sempre foi, merecidamente, um personagem popular. Diferentemente da maior parte dos super-heróis, quase sempre teve mais de um título mensal. Ou seja, há décadas são três ou mais aventuras inéditas do personagem sendo lançadas mensalmente. Com tanto material publicado, aumentam as chances de saíram boas histórias.

Selecionei só dez. Deixei de fora algumas que adoro. Mas ficam aqui as minhas sugestões – lembrando que toda lista é subjetiva!

1962 – Homem-Aranha!, de Stan Lee e Steve Ditko

Onde tudo começou! A tragédia que compeliu Peter Parker a se tornar super-herói! A frase que guiou a sua vida – e a de vários outros super-heróis que vieram depois dele: “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”!

Esta história já foi recontada inúmeras vezes, tanto em quadrinhos quanto em filmes ou animações. E a original continua sendo a melhor.

1967 – Homem-Aranha Nunca Mais!, de Stan Lee e John Romita

Por décadas -e até hoje -, Peter Parker se debate sobre o peso terrível que é ser o Homem-Aranha. Este arco, publicado ainda no início de sua carreira, aprofunda essa discussão, em um tempo em que os super-heróis apenas combatiam o crime, sem pensarem muito a respeito.

A saga foi ilustrada por John Romita, um dos principais artistas a ilustrar o personagem e autor da arte que abre esta coluna – uma cena icônica de “Homem-Aranha Nunca Mais!” e uma das mais marcantes na história do personagem.

1973 –A Noite em que Gwen Stacy Morreu, de Gerry Conway e Gil Kane

A saga do Homem-Aranha, que começara 11 anos antes com uma tragédia (a morte do tio Bem), teve outro ponto horrível nesta saga. O Duende Verde, um dos maiores inimigos do personagem, descobre sua identidade secreta – e assassina Gwen Stacy, a namorada do herói.

Um momento de rara tristeza para os quadrinhos de super-heróis dos anos 70 – e com um impacto tremendo que ainda hoje reverbera nas histórias.

1984 – O Garoto que Colecionava Homem-Aranha, de Roger Stern e Ron Frenz

Não há supervilões nesta história. Nem socos ou pontapés. O Homem-Aranha conversa com um garoto que está sentado na cama de um quarto. Sem spoiler, embora a história tenha sido publicada há quase 40 anos: trata-se de uma das histórias mais bonitas da Marvel.

1985 – A Saga do Devorador de Pecados, de Peter David e Rich Buckler

Uma policial amiga do Homem-Aranha, a capitã Jean DeWolff, é assassinada. Quem a matou? Este é o mote desta dramática história de investigação, narrada com a dose certa de suspense e tristeza por Peter David. Quando a li pela primeira vez, décadas atrás, uma frase me marcou: “são os malucos não óbvios que devem ser observados”.

1987 – A Última Caçada de Kraven, de J.M. DeMatteis e Mike Zeck

Kraven, o Caçador, sempre foi um dos mais tradicionais vilões do Homem-Aranha. Mas, cá entre nós, nunca foi dos mais perigosos. Sem poderes, quem é ele perto do Duende Verde, do Doutor Octopus, do Homem-Areia ou do Lagarto?

DeMatteis criou uma história tão densa que é quase um conto de terror. E as lindas ilustrações de Mike Zeck aprofundam o tenebroso clima. O que aconteceu com Peter Parker?

(Note que vou pular as histórias dos anos 90. Decisões editoriais terríveis obraram histórias como A Saga do Clone e a constrangedora patacoada dos filhos gêmeos de Gwen Stacy. Lamento por quem leu.)

2004 – Homem-Aranha 2, dirigido por Sam Raimi

Enquanto editores que queriam “chocar leitores” faziam bobagem nas HQs (exceto a dimensão paralela roteirizada por Bendis, veja abaixo), os fãs do Homem-Aranha pelo menos puderam se divertir com a trilogia (que era para ter sido tetralogia) de Sam Raimi no cinema. Em particular, com o segundo filme, lançado em 2004, e sua inesquecível cena do trem. Destaque para o ator Alfred Molina, que viveu um maravilhoso Doutor Octopus e para os efeitos especiais (o longa ganhou o Oscar nesta categoria).

2011 – Homem-Aranha Ultimate, de Brian Michael Bendis e vários ilustradores

A cronologia da Marvel – assim como a da DC – é uma zona. Não à toa, de quando em quando surgem truques horrorosos como “foi uma memória falsa implantada em uma mente” ou “veio um demônio e apagou tudo”. Estes dois exemplos aconteceram justamente em histórias do Homem-Aranha... Zzzzzzz.

Mas é preciso buscar novos leitores. Em 2000, a Marvel criou uma série de revistas cujas histórias se ambientavam em uma dimensão paralela. Eram poucos títulos mensais no início, e a ideia era ir desenvolvendo, aos poucos, seus personagens. Como surgiram? Por que escolheram virar heróis?

O maior beneficiado (fora o leitor) foi o Homem-Aranha. O roteirista Brian Michael Bendis e o ilustrador Mark Bagley (nos primeiros anos, depois vieram outros) propiciaram mensalmente, por mais de uma década!, histórias interssantes. E em 2011, nesta dimensão paralela, Peter Parker morreu em uma aventura trágica. Surge seu sucessor: Miles Morales, outro incrível Homem-Aranha, criado por Bendis e pela italiana Sara Pichelli.

Miles Morales fez tanto sucesso que foi incorporado à dimensão principal da Marvel e virou estrela de videogame e até de uma animação vencedora do Oscar (você a verá logo abaixo).

2014 – Aranhaverso, de Dan Slott e vários ilustradores

A Marvel Comics tem múltiplas dimensões. Em uma, vive o Homem-Aranha que conhecemos. Em outras, o Miles Morales (citado acima), o Aranha britânico, o robótico AR//nh e até o Porco-Aranha (desenhado de forma cartunesca).

A saga “Aranhaverso”, concebida por Dan Slott, cria uma ameaça multidimensional, que vai pulando de um universo a outro para matar Homens-Aranhas (e seus similares). Esta aventura é uma divertida homenagens a dezenas e dezenas de versões do Homem-Aranha que surgiram nas últimas décadas -inclusive o Homem-Aranha publicado diariamente em tiras de jornais (participação hilária) e uma discreta homenagem à trilogia do Sam Raimi, citada acima (tinha de ser discreta porque os filmes pertencem à Sony, e não à Marvel).

2019 –Homem-Aranha no Aranhaverso, dirigido por Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman

O “Aranhaverso”, citado logo acima, e Miles Morales, citado imediatamente antes, foram inspirações para este excelente longa de animação lançado há dois anos: “Homem-Aranha no Aranhaverso”.

Roteiro inteligente, com muita ação e humor, animado de maneira brilhante, com técnicas diferentes e, em certos momentos, surpreendentes. Não à toa, venceu o Oscar na categoria de melhor animação.

Pedro Cirne é formado em jornalismo, desenhos e histórias em quadrinhos. É autor do romanceVenha me ver enquanto estou vivae da graphic novel Púrpura, ilustrada por 17 artistas dos 8 países que falam português.