Fundação Padre Anchieta

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Divulgação/Whitehat
Divulgação/Whitehat

A pandemia acelerou muitos processos.

Na educação, não é diferente.

Crianças em casa, sem escola, precisam continuar aprendendo.

Manter o interesse e o engajamento de crianças e adolescentes sem um professor presencial e os recursos pedagógicos de uma sala de aula é desafiador para famílias, escolas e educadores.

No primeiro ano da pandemia, fez-se o possível com aquilo que estava disponível, nas escolas privadas, os professores migraram para aulas ao vivo pelo Zoom e interação com os alunos em plataformas como o Google Class. Nas escolas públicas, aulas pelo YouTube e pela TV e envio de material impresso e vídeos curtos e audios pelo WhatsApp.

Não é suficiente.

A evasão escolar explodiu.

Com muitas famílias humildes, o acesso ao conteúdo não é a única barreira para o aprendizado, a falta de apoio em casa e da convivência com outros alunos, desestimulou e deprimiu uma grande parcela dos estudantes, que acabaram abandonando os estudos.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, de outubro de 2020, mais de 1,38 milhão de estudantes de 6 a 17 anos (3,8%) estavam sem frequentar a escola, presencial ou remotamente.
É quase o dobro da dos 2% registrados em 2019.

A situação pode ser ainda pior, 4,1 milhões de estudantes afirmaram frequentar a escola, mas não tiveram acesso a atividades escolares e não estavam de férias (11,2%), segundo o relatório Enfrentamento da Cultura do Atraso Escolar, da Unicef. Assim, estima-se que 5,5 milhões de crianças e adolescentes podem estar fora da escola no ciclo 2020/2021.

É uma tragédia.

Nas redes sociais e nos grupos de mães e pais, no WhatsApp, acirra-se a polarização sobre voltar ou não para as aulas presenciais.
Como se fosse possível ignorar os índices alarmantes de óbitos e casos, decretar o fim da pandemia e retomar "a vida normal" que se tinha antes.

Não vai acontecer.

O normal não existe mais.

A pandemia pode ser permanente ou deixar sequelas por vários anos, com mudanças profundas em nossa forma de existir.

Precisamos construir um novo modelo de ensino híbrido que funcione para uma geração que ficou tanto tempo fora da escola tradicional e que quando voltar, terá alterado significativamente sua plástica cerebral.

Dentro das novas possibilidades, é preciso falar a linguagem dos jovens e estar presente onde eles gostam de estar: TikTok, WhatsApp, Minecraft, Roblox, League of Legends, YouTube.

O TikTok, por exemplo, lançou a campanha #AgoraVocêSabe para celebrar o Dia Mundial da Educação e incentivar a produção de conteúdo educativo na plataforma. A iniciativa faz parte da estratégia de longo prazo para fortalecer o ecossistema deste tipo de conteúdo que é tão popular no TikTok. De acordo com a plataforma, a hashtag #AprendaNoTikTok já tem mais de 601 milhões de visualizações até hoje.

“Temos feito parcerias com instituições educacionais, figuras públicas e especialistas para trazer mais vídeos educativos para a plataforma e oferecer uma opção de aprendizagem criativa para a comunidade. Também investiremos e ofereceremos mais recursos para apoiar o conteúdo educativo e os criadores”, diz o comunicado do TikTok.

Professores estão se reinventando.

A professora Pricila Perossi Magalhães, 42 anos, da Rede Municipal de Ensino de Caraguatatuba, é um exemplo. Ganhadora do Prêmio Educação Infantil - Boas Práticas durante a Pandemia, da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV), criou a personagem “Professora Pricila Ila de Quartimbiribila” para interagir com seus alunos no Youtube e no Whatsapp.

“Quando as aulas foram interrompidas por causa da pandemia do novo coronavírus, percebi que, pela gravidade da situação, tinha que inventar um modo de chegar até os alunos, seus pais ou responsáveis de uma maneira leve. Essa forma de trabalhar a sonoridade do meu nome de forma engraçada (Pricila Ila de Quartimbiribila) fez com que pudesse criar situações e brincadeiras engraçadas com as crianças para transmitir o conteúdo pedagógico”, explicou.

Foram 33 vídeos para o Youtube e outros que ela perdeu a conta para Whatsapp, durante o ano letivo de 2020 para os alunos da 1ª Fase, de quatro e cinco anos, da EMEI Maria de Lourdes Lucarelli Perez, no Indaiá. Todos produzidos em casa com ajuda de adereços, roupas antigas e perucas coloridas.

Outro exemplo é do professor de Matemática Helton Alvares Gonçalves, de Goiânia, que para manter seus alunos interessados em números e equações, mesmo no ensino remoto, criou uma sala de aula no Minecraft, onde os alunos são chamados para dentro do jogo e acompanham suas aulas por ali, ao vivo. Eles também podem interagir durante a explicação dos conteúdos, que são todos repassados em um quadro, como os que são utilizados no ambiente escolar, usando o microfone para falar ou através do chat. Os alunos que não tem acesso ao Minecraft podem acompanhar as aulas através de outros aplicativos ou ainda assistir depois, através do Youtube.

"A ideia de dar aulas pelo Minecraft foi excepcional, porque devido à pandemia, os alunos estavam desmotivados e desinteressados, não compareciam mais às aulas online e nem faziam as atividades. Então como faz tempo que jogo o Minecraft e meus alunos também, decidi usar isso a meu favor. Com isso, consegui resgatar muitos alunos e eles ficaram super empolgados. É uma proposta que pode ir além da pandemia, já que os jovens de hoje estão cada vez mais ligados às novidades tecnológicas”.

Na startup indiana WhiteHat Jr., o ensino é online e exponencial, crianças aprendem a programar em aulas individuais, 1 professora para 1 aluno. São aulas onde as crianças aprendem a construir jogos, melhorar sua lógica e pensamento abstrato e conta com mais de 5.000 professoras e 2.500.000 alunos.

O modelo da WhiteHat, de ensino 1 para 1, funciona para programação e pode ser uma saída interessante para reforço escolar, ensino de línguas, EJA e até mesmo ser considerado para alfabetização à distância.

Priorizar a educação é priorizar o futuro híbrido.

Como diz a canção, é preciso ir aonde o povo está, e no caso da geração Z, eles estão em todas as telas, e é pra lá que devemos apontar nossas coordenadas daqui pra frente.

João Ramirez é estrategista digital e especialista em livestreaming. Fez a 1ª transmissão ao vivo da história da Internet brasileira, em 1996, e está no Guinness Book of Records. Dirigiu milhares de programas ao vivo nos últimos 20 anos. Participou de diversos projetos ativistas e de engajamento de pessoas pelas redes sociais e acredita que é possível reinventar a educação com a ajuda da tecnologia e das plataformas digitais.