Coluna Papo de Mãe

Estrabismo infantil: causas e tratamento

A criança estrábica sofre preconceitos e até bullying


04/09/2020 17h00

Nos primeiros dias de vida quase todo recém-nascido parece um pouco estrábico. Conforme o bebê cresce, isso passa para a maioria deles. Mas alguns ficam estrábicos de verdade já nos primeiros meses e daí vale agendar uma consulta com um oftalmologista pediátrico.

Alguns pediatras indicam a primeira ida ao oculista apenas com um ano de vida, outros até esperam a criança chegar aos 3 aninhos. Mas se os olhinhos têm algum desvio, quanto antes, melhor.

Há casos em que ocorre um “falso estrabismo”, que é quando a criança tem a pele interna do olho um pouco esticada dando a impressão de um desvio ocular que não existe. Mas só um especialista poderá fazer o diagnóstico correto.

Em casos de estrabismo precoce, ele pode ter origens diversas. Pode, por exemplo, ser em razão de problemas neurológicos, ou simplesmente uma questão muscular ou, ainda, em razão de grau de hipermetropia.

Quanto o motivo é a hipermetropia (estrabismo acomodativo), normalmente é indicado o uso de óculos (sim, há óculos para bebês). Ao colocar os óculos, as lentes acertam o desvio e, com o tempo e o crescimento, isso chega a corrigir definitivamente o estrabismo, já que a tendência é o grau de hipermetropia diminuir com o passar dos anos. Alguns profissionais utilizam também o tratamento com um tampão em uma das vistas.

Já o estrabismo muscular (motor) muitas vezes tem indicação de cirurgia. Uma das minhas filhas fez esta cirurgia com 2 anos de idade e foi num momento muito importante: o médico nos avisou que ela poderia até perder uma das vistas, porque quando o desvio é grande, apenas o olho que não desvia é que acaba “trabalhando” e o outro pode ser “anulado”. Estou aqui tentando explicar isso numa linguagem de mãe. Me lembro que na época, o plano de saúde não queria cobrir a cirurgia por considerar “estética” e tivemos que provar que existia o risco de ficar cega, portanto a cirurgia não era apenas uma questão de vaidade. A operação, com anestesia geral, é relativamente tranquila e o resultado é excelente. Ela também tinha o estrabismo pela hipermetropia, que acabou sendo curado com uso de óculos e a diminuição do grau ao longo dos anos. Hoje, ela tem 14 anos e não é mais estrábica.

Achei importante tocar neste tema porque crianças estrábicas, além de em alguns casos correrem o risco de perder a visão, também sofrem muitos preconceitos. São vítimas de gozações, comentários maldosos, risadas e bullying. Adultos chegam a tratar a criança com desvio dos olhos como se ela não fosse capaz e as outras crianças zoam mesmo, sem dó. Um oftalmologista me contou que adultos estrábicos sofrem também muito preconceito, chegam a ser recusados em entrevistas de emprego porque interpretam o desvio no olhar como um problema maior, até de relacionamento.

É fundamental o tratamento precoce e precisa ser ainda na infância. Se você se torna um adulto com estrabismo, o tratamento será bem mais complicado, e isso se ainda houver algo que possa ser feito.

Portanto, atenção aos olhinhos dos nossos bebês e crianças. Na dúvida, consulte um especialista.

Assista ao nosso programa Papo de Mãe sobre estrabismo:

Conheça o perfil do Instagram e o site do Papo de Mãe.

Mariana Kotscho é jornalista e trabalha em televisão há 28 anos. Foi repórter da Rede Globo por 12 anos. Com passagens também pelo SBT e Record TV. Desde 2009, é apresentadora do programa Papo de Mãe, da TV Cultura.

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