Fundação Padre Anchieta

Custeada por dotações orçamentárias legalmente estabelecidas e recursos próprios obtidos junto à iniciativa privada, a Fundação Padre Anchieta mantém uma emissora de televisão de sinal aberto, a TV Cultura; uma emissora de TV a cabo por assinatura, a TV Rá-Tim-Bum; e duas emissoras de rádio: a Cultura AM e a Cultura FM.

CENTRO PAULISTA DE RÁDIO E TV EDUCATIVAS

Rua Cenno Sbrighi, 378 - Caixa Postal 66.028 CEP 05036-900
São Paulo/SP - Tel: (11) 2182.3000

Televisão

Rádio

Reprodução/Facebook
Reprodução/Facebook

Senta que lá vem história: Mafalda é o nome dela. Uma garotinha rebelde, respondona, inquieta e questionadora, de apenas 6 anos, que odeia sopa mas adora ouvir Beatles e falar sobre política, sociedade patriarcal, economia, racismo, entre outros assuntos. Sempre atenta, apesar da idade, aos valores humanos.

Que menina diferente, né? Pois é! Também acho. Mafalda “quase nasceu” no ano de 1962, na Argentina, criada inicialmente para uma campanha publicitária de uma empresa de eletrodomésticos, com o objetivo de divulgar os produtos, de forma subliminar, por meio de tirinhas de jornal. Mas o projeto acabou sendo interrompido, pois o jornal descobriu o propósito comercial e cancelou o contrato. Dois anos depois, a personagem finalmente ganhou “vida”. Nasceu, oficialmente, em San Telmo, bairro de Buenos Aires, no dia 29 de setembro de 1964, aparecendo pela primeira em uma tira em quadrinhos da revista argentina Primeira Plana, “convidada” pelo diretor Julián Delgado, que passou a publicá-la regularmente na revista semanal em duas tirinhas, mas agora sem propósitos publicitários.

O site Nota Terapia reuniu algumas frases de autoria da menina que nos fazem rir e refletir. Dá uma olhada em alguns exemplos:

“Sopa!”

– Para Mafalda sopa é palavrão.

“Se a vida começa aos 40, por que nascemos com tanta antecedência?”

“Por que que, quando colocamos os pés no chão, a brincadeira acaba?”

– Mafalda após parar o balanço.

“O País todo tá lá fora esperando! O que é que eu digo? Mando sentar?”

Parece até que Mafalda tem vida própria, né!? Mas, por trás desta menina-personagem, tem um artista incrível: Joaquín Salvador Lavado, o Quino, considerado o cartunista de língua espanhola mais famoso e traduzido (mais de trinta idiomas) do mundo. Ganhou notoriedade internacional, em 1969, pelas publicações na Europa, assim como a primeira edição Italiana da história que teve o prefácio escrito pelo escritor e filósofo Umberto Eco. Através de Mafalda, Quino sempre tocou em questões sérias como ética, cidadania, amor e liberdade, abordadas em contextos sociais do mundo todo, em qualquer país ou região, com humor e tom lúdico. Se você nunca leu as HQs da Mafalda, leia! É reflexão e diversão na certa.

Quino, produziu e publicou as tirinhas da Mafalda só até o ano de 1973. Alguns dizem que foi porque se cansou de fazer sempre a mesma coisa, outros dizem que foi porque exigiram que entregasse as tirinhas com duas semanas de antecedência - e ele não gostava disso, pois assim elas perderiam o frescor da notícia do dia a dia. Mas, ainda assim, as tirinhas continuaram sendo usadas, principalmente em campanhas sobre Direitos Humanos, como a Convenção dos Direitos da Criança da Unicef.

Criador e criatura são tão importantes e relevantes que estiveram e estão presentes em muitas salas de aula. Por serem de fácil leitura e divertidas, as tirinhas são utilizadas por educadores como ferramenta pedagógica para estimular a leitura e promover a reflexão, gerando nos alunos a conscientização e o senso-crítico a respeito dos acontecimentos no mundo.

Mafalda é tão incrível que tem até uma estátua em San Telmo e, no aniversário de 50 anos, em 2014, ganhou a companhia da fofoqueira Susanita e o materialista Manolito.

Fantástica essa personagem, não é mesmo? Assim como foi fantástico o seu criador. Sim, foi. Porque ontem, 30 de setembro, um dia após o aniversário de 56 anos da personagem Mafalda, Joaquín Salvador Lavado, o Quino, morreu aos 88 anos, por um agravamento da saúde em decorrência de um AVC.

Mas opa! – uma correção: Quino não morreu! Pois os criadores permanecem sempre vivos através de suas criaturas. E Mafalda segue presente nas tirinhas e nos livros... autêntica, respondona, questionadora, humanitária. Além disso, Quino influenciou um mundão de gente, de cartunistas famosos a gente como a gente. Com isso, uma parte dele sempre estará em cada um de nós. No meu canal do YouTube, fiz uma homenagem ao talentoso cartunista. Confira:

E, para finalizar, uma frase da nossa estrela das HQs que simboliza um pouco do que estamos sentindo ao nos despedirmos de Quino:

“E não é que neste mundo tem cada vez mais gente e cada vez menos pessoas?”

Jonathan Faria é ator, arte-educador, ilustrador, apresentador e ator de voz (voz original, locução, narração e dublagem).