Russos saíram às ruas para protestar contra a guerra na Ucrânia, mas foram reprimidos fortemente pelas forças do governo. Total de presos em manifestações chega a quase 13 mil em 10 dias.O governo russo continua a reprimir fortemente os protestos de cidadãos contra a guerra na Ucrânia. Neste domingo (06/03), foram detidas 3.917 pessoas, em 53 cidades da Rússia, segundo dados do projeto de mídia russo OVD-Info, que monitora detenções em protestos oposicionistas.
Vídeos nas redes sociais, postados por opositores do regime do Kremlin e blogueiros, mostram milhares de ativistas entoando "Não à guerra!" e "Tenham vergonha!". Vê-se também a polícia de Ecaterimburgo, no distrito dos Urais, espancando um manifestante caído no chão. Um mural protagonizado pelo presidente russo, Vladimir Putin, foi pichado.
O Ministério russo do Interior confirmou ter detido 1.700 cidadãos em Moscou e 750 em São Petersburgo – as duas maiores metrópoles do país –, além de 1.061 em outras cidades, sobretudo Ecaterimburgo e Novosibirsk, na Sibéria.
Assim, já chega a quase 13 mil o número de detenções em passeatas consideradas ilegais pelo governo, desde 24 de fevereiro, quando Putin ordenou sua assim chamada "operação militar especial" na Ucrânia.
"Os parafusos estão sendo apertados até o fim; essencialmente estamos testemunhando censura militar", comentou a porta-voz da OVD-Info Maria Kuznetsovam. "Estamos vendo protestos bastante grandes hoje, mesmo em cidades siberianas onde só raramente há tais números de detenções", completou.
Protesto no Cazaquistão
A agência de notícias Reuters cita vídeos nas redes sociais que também mostrariam uma manifestação na cidade de Almaty, no Cazaquistão, contra a guerra na Ucrânia, reunindo 2 mil participantes. A multidão brada slogans como "Não à guerra!", agitando bandeiras ucranianas. Balões azuis e amarelos foram colocados na mão de uma estátua de Vladimir Lenin (1870-1924), na praça de onde partiu a passeata. A veracidade das imagens, contudo, não pôde ser verificada.
A última vez que a Rússia presenciou manifestações destas dimensões foi em janeiro de 2021, quando milhares exigiram a libertação do líder oposicionista Alexei Navalny, preso logo após seu retorno da Alemanha, onde passara cinco meses se recuperando de um envenenamento com o gás da era soviética Novichok. Atualmente, ele cumpre dois anos e meio de prisão, sob ameaça de uma pena de até 15 anos.
Na quarta-feira, o crítico do Kremlin conclamara seus compatriotas a se manifestarem diariamente contra a guerra, sem medo de serem detidos. Navalny frisou que a Rússia não podia ser uma "nação de covardes assustados" e tachou Putin de "czar insano".
Na sexta-feira, o chefe do Kremlin assinou uma lei prevendo penas de prisão de até 15 anos para quem publique o que o governo classifica como "notícias falsas" sobre as Forças Armadas russas.
av/le (Reuters,AFP,AP)
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