Principais jornais no país pregam apoio ao presidente, para impedir chegada da extrema direita ao poder e dizem que abstenção não é solução. Urnas são abertas nos territórios ultramarinos franceses.Na véspera do segundo e decisivo turno da eleição presidencial na França, vários meios de comunicação pediram neste sábado (23/04) voto no atual chefe de Estado, Emmanuel Macron.
Considerando a situação atual provocada pela guerra na Ucrânia, o diário Le Parisien questionou, sobre a adversária de Macron: "Seria apropriado votar numa candidata populista que através de sua vontade assumida de ruptura acrescentaria mais crises a essa grande crise?"
A publicação aponta que a vitória da ultranacionalista acarretaria o oposto da necessária unidade nacional, acrescentando que sua política econômica não seria contrafinanciada e sua política externa tornaria a França um parceiro em que não se pode confiar.
Abstenção não é solução
Os jornais conservadores Le Monde e Le Figaro alertaram que a liderança de Macron nas pesquisas não deve ser vista como uma garantia da reeleição do governante.
"Uma abstenção maciça na eleição não deve arruinar um momento crucial da nossa história”, avisou o Figaro.
Já o Le Monde escreveu que não há espaço para qualquer relativização, já que muita coisa está em jogo. "Só há uma forma no domingo para ajudar a impedir que uma candidata de um partido de extrema direita, Marine Le Pen, chegue ao poder: votar em seu adversário, Emmanuel Macron."
O jornal ressalta que isso se aplica independentemente dos erros que o atual chefe de Estado tenha cometido e da responsabilidade dele na atual força da extrema direita. A publicação diz que a abstenção ou a anulação do voto não são úteis "para salvar nosso país do pior".
Já o jornal de esquerda Libération também se pronunciou decisivamente contra as abstenção, para a qual tende uma parte considerável do eleitorado da esquerda, pedindo explicitamente o voto no liberal Macron, afirmando que não ir votar ou votar em branco é "menos que nada", uma "bandeira vazia".
"Qual seria a utilidade de boas palavras durante todo o ano a favor de migrantes, escolas públicas ou biodiversidade se for para abandonar essa luta no único dia em que uma mobilização massiva pode contrariar o cenário de desastre de uma presidente xenófoba e revisionista do clima?", questiona o diário.
Urnas abertas no territórios ultramarinos
O segundo turno começou neste sábado em alguns territórios ultramarinos franceses. As primeiras mesas de votação para decidir o duelo entre Macron e Le Pen, foram abertas às 7h de Brasília no arquipélago de Saint Pierre e Miquelon, localizado na costa do Canadá.
Aos poucos, à medida que o dia avança, outros locais de votação serão abertos em territórios franceses no Caribe, como na Guiana e nas ilhas de Guadalupe, Martinica, São Bartolomeu e São Martinho.
Os franceses residentes nesses territórios votam um dia antes dos residentes na metrópole desde 2007, para impedi-los de votar quando já saibam a escolha da maioria de seus concidadãos, o que pode favorecer a abstenção.
Nas primeiras horas de domingo será a vez da Polinésia Francesa e da Nova Caledônia, onde as mesas de votação serão abertas às 8h (horário local).
Mais tarde, começarão a votar os residentes na Ilha da Reunião e na ilha de Mayotte, no Oceano Índico.
Paralelamente, os franceses residentes no exterior poderão votar nos consulados (primeiro na América e depois no resto dos continentes).
Os eleitores registrados nos territórios ultramarinos somam 1,96 milhão de pessoas, o que representa pouco mais de 4% do censo. Já os residentes no exterior somam quase 1,5 milhão.
md (DPA, EFE)
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