Jens Stoltenberg afirma que conflito terá altos custos, mas que preço será maior se Rússia vencer. Premiê britânico faz declaração semelhante após visita a Kiev e pede que países se preparem para uma longa guerra.O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, afirmou que a guerra na Ucrânia pode durar anos e terá altos custos. Em entrevista publicada neste domingo (19/06) no jornal alemão Bild, ele alertou também que, em caso de uma vitória da Rússia, o preço a pagar seria ainda maior.
"Temos de estar preparados para o fato de que [a guerra] pode durar anos", disse Stoltenberg. "Não devemos enfraquecer o nosso apoio à Ucrânia, mesmo que os custos sejam altos, não só em termos de apoio militar, mas também devido ao aumento dos preços da energia e dos alimentos, acrescentou.
O secretário-geral acrescentou que esses custos não são nada em comparação com os que os ucranianos pagam todos os dias na linha da frente. Ele destacou ainda que, caso o presidente russo, Vladimir Putin, alcance seus objetivos na Ucrânia, como fez com a anexação da Crimeia em 2014, o preço a pagar "seria muito maior".
Stoltenberg exortou os países ocidentais a continuarem enviando armamento para Kiev. "Com armas modernas adicionais, a probabilidade de a Ucrânia conseguir empurrar as tropas de Putin para fora de Donbass iria aumentariam", sustentou.
O Donbass é o atual alvo russo no conflito. Essa região do leste da Ucrânia tem sido palco de intensas batalhas e os russos já conquistaram o controle de parte dela.
Johnson também vê guerra longa
Uma declaração semelhante a Stoltenberg foi feita neste domingo pelo primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, que esteve em Kiev na sexta-feira. Num artigo publicado no jornal britânico The Sunday Times, o premiê falou da necessidade de se preparar para uma longa guerra e afirmou que a Ucrânia precisará de apoio durante anos para permanecer num estado viável.
Johnson destacou que o Reino Unido e os aliados devem assegurar que a Ucrânia "tenha a resiliência estratégica para sobreviver", uma vez que Putin, "recorre a uma campanha de desgaste e tenta brutalmente esmagar a Ucrânia".
"O tempo é um fator vital", acrescentou. "Tudo vai depender de se a Ucrânia pode fortalecer a sua capacidade de defender o seu território mais rapidamente do que a Rússia consegue renovar a sua capacidade de ataque".
O premiê afirmou que, para isso, a Ucrânia dever receber armas, munições e treinamentos mais rápido. Ele também realçou a necessidade de continuar enviando recursos para que Kiev consiga manter a administração do Estado funcionando e para começar a reconstrução "assim que possível".
Rússia intensifica ataques
Neste domingo, a Rússia intensificou os ataques na região do Donbass. Segundo militares ucranianos, a cidade de Sievierodonetsk enfrentou artilharia pesada e bombardeios. Analistas estimam que Moscou será capaz de tomar a cidade industrial nas próximas semanas, mas com o custo de ter concentrado a maior parte de suas tropas disponíveis em uma pequena área.
Sievierodonetsk é o último reduto das forças ucranianas em Lugansk e o cenário mais ativo de hostilidades nas últimas semanas. As forças ucranianas se isolaram nesta fábrica química numa manobra semelhante à realizada em Mariupol, onde o exército ucraniano se refugiou na siderurgia Azovstal, que acabou por cair, como toda a cidade, no poder de Moscou.
O governador de Lugansk, Serhiy Gaidai, afirmou no domingo que russos controlam apenas parte da Sievierodonetsk e disse que prédios residenciais e casas da cidade vizinha Lysychansk foram bombardeados. "Civis estão morrendo nas ruas e em abrigos antiaéreos", acrescentou.
cn (Reuters, AFP, Lusa)
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