A sempre badalada seleção de basquete dos Estados Unidos confirmou o favoritismo e foi campeã olímpica em cima da França pelo placar apertado de 87 a 82. O começo, no entanto, não foi exatamente fácil. O time de Kevin Durant, Draymond Green, Devin Booker e companhia perdeu na estreia para a mesma França por 83 a 76.
Apesar do título, uma das possíveis explicações para um desempenho relativamente abaixo do esperado desses atletas no início da competição pode ser a falta de adaptação à algumas regras que eles geralmente não encontram na liga norte-americana. A FIBA (Federação Internacional de Basquete) é a associação que organiza a maioria dos campeonatos de basquete pelo mundo, entre eles as Olimpíadas. Algumas normas do esporte adotadas por essa federação diferem do que é praticado na NBA (Associação Nacional de Basquete da América do Norte), liga que tem suas próprias regras.
Para o ex-árbitro de basquete e comentarista do NBB na TV Cultura Renatinho Santos, a equipe dos EUA teve pouco tempo para assimilar as mudanças. “A temporada da NBA terminou muito tarde. Os jogadores se apresentaram em cima da hora na seleção e não tiveram um grande período de adaptação. O Devin Booker (Phoenix Suns), por exemplo, jogou o último jogo da decisão da NBA no dia 20 de julho e esteve na estreia da Olimpíada em Tóquio cinco dias depois”, comenta.
Veja abaixo as principais mudanças de regulamento no jogo entre as duas associações:
Tempo de partida
Uma diferença que chama atenção é o tempo de jogo. Na NBA o cronômetro marca quatro tempos de 12 minutos, totalizando 48 minutos jogados. Nas competições FIBA a partida é mais curta, são quatro tempos de 10 minutos, totalizando 40 minutos.
Veja imagens: Webstorie: Diferenças entre o basquete olímpico e o da NBA
Defesa no garrafão
Outra mudança que impacta diretamente no modo de se defender em uma partida de basquete é a regra da NBA que não permite que um marcador fique mais do que três segundos dentro do garrafão se não estiver na marcação direta de um atleta do outro time. A regra não existe no basquete FIBA.
Segundo Renatinho, a regra dos três pontos é a que mais difere e modifica a dinâmica do jogo entra as duas associações. “Na NBA, essa proibição dos três segundos gera um jogo que proporciona muito mais o um contra um. Como isso não existe no jogo FIBA, acaba gerando um equilíbrio entre os EUA e as outras seleções, principalmente as europeias, que estão bem acostumadas a marcar por zona.”
Expulsão depois da 5ª falta
De acordo com as regras da federação internacional, se um jogador fizer cinco faltas (pessoais ou técnicas) ele será expulso. Em contrapartida, na maior liga de basquete do mundo, a expulsão se dá depois do atleta cometer seis faltas pessoais ou duas técnicas.
“Na Olimpíada eles estavam tão desatentos a esse requisito que o Kevin Durant fez quatro faltas muito rápido no jogo contra a França. Ele teve que ficar um tempão no banco e só voltou no final do jogo, e a seleção precisou muito dele naquela partida”, diz Renatinho.
A falta técnica se refere à infrações intencionais de algum atleta no jogo que prejudicam o rival. Já a falta pessoal pode ser um ato de indisciplina do jogador contra o árbitro ou contra algum adversário.
Linha da bola de três
O tamanho da linha que define o arremesso de três pontos também sofre mudanças dependendo da competição. Na NBA ela fica a 7,24m de distância da cesta, enquanto as competições FIBA estabelecem uma distância de 6,75m.
Tempo técnico
Durante uma partida de NBA os pedidos de tempo técnico são divididos em seis para cada time, podendo ser solicitados a qualquer momento. Eles têm duração de 60 a 100 segundos. Somado a isso, há a possibilidade de pedir mais dois em uma eventual prorrogação. A cada tempo do jogo, também é possível pedir um intervalo curto de 20 segundos.
Já na FIBA, uma equipe pode pedir dois tempos no primeiro quarto e mais três no segundo. Os intervalos tem a duração de um minuto. Apenas dois pedidos de tempo podem ser solicitados nos dois minutos finais do último quarto. Em prorrogações, cada equipe ganha o direito a mais um tempo.
Diferente da NBA, os tempos de uma partida de FIBA não podem ser pedidos com a bola rolando.
O comentarista da TV Cultura explica que o compilado de diferenças, principalmente a regra da defesa por zona no garrafão da NBA e os oito minutos a mais de jogo, proporcionam um espetáculo à parte dentro do esporte para os torcedores que acompanham a liga norte-americana.
O basquete dos EUA nas Olimpíadas
Os Estados Unidos somam agora 16 medalhas de ouro no basquete masculino das Olimpíadas. Nos jogos de 1992, em Barcelona, a seleção norte-americana era considerada tão forte que ficou conhecida como “dream team” (time dos sonhos, traduzido para o português). O elenco contava com Charles Barkley, Larry Bird, Magic Johnson, Michael Jordan entre outros craques.
O dream team foi campeão olímpico em 1992 vencendo todos os jogos com uma margem de diferença de 32 pontos. No quarto jogo do torneio, os EUA pegaram o Brasil e venceram por 127 a 83.
A última vez que os Estados Unidos não venceram os jogos olímpicos foi em 2004, em Atenas. Eles caíram nas semifinais para a Argentina, que foi medalha de ouro na ocasião.
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