Presidente do COI defende lutadoras que foram alvo de polêmica de gênero: "Nasceram como mulheres"
Sem evidências, Imane Khelif e Li Yu-Ting foram apontadas por perfis nas redes sociais como pessoas transgênero
03/08/2024 15h26
Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI) criticou os ataques às boxeadoras Imane Khelif, da Argélia, e Li Yu-Ting, de Taiwan.
Depois da vitória da argelina sobre a italiana Angelina Carini, na categoria até 66kg, na última quinta-feira (1º), diversos perfis nas redes sociais apontaram sem evidências que Khelif e Ting de seriam mulheres transgênero, informação negada pelo COI e pelo Comitê Olímpico da Argélia.
“Estamos falando sobre boxe feminino e temos duas boxeadoras que nasceram como mulheres, foram criadas como mulheres, têm passaporte como mulheres e competiram por muitos anos como mulheres. Essa é a definição clara de uma mulher. Nunca houve dúvida sobre elas serem mulheres”, declarou Bach em entrevista coletiva neste sábado (3).
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Imane Khelif e Li Yu-Ting foram autorizadas pelo COI a competirem na Olimpíada de Paris este ano. A polêmica surgiu porque as duas foram reprovadas em testes médicos realizados no ano passado pela Associação Internacional de Boxe (IBA). A entidade foi banida pelo COI em decorrência de falhas em quesitos de integridade e transparência na governança.
A imprensa internacional noticiou que a lutadora da Argélia apresenta cromossomos sexuais XY (que determinam o sexo masculino) e níveis de testosterona no sangue compatíveis com corpos masculinos, mesmo possuindo órgãos genitais femininos.
“O que vemos é que alguns querem ser donos da definição de quem é mulher. E só posso convidá-los a criar, com base científica, uma definição, e como alguém pode ter nascido, crescido, competido e ter um passaporte como mulher e não ser considerada uma mulher (...) se eles chegarem a algo, estamos prontos para ouvir, prontos para investigar, mas não faremos parte de uma guerra cultural, às vezes politicamente motivada”, completou o presidente do COI.
Fake News
Após Angelina Carini desistir da luta contra Imane Khelif em 46 segundos de combate, internautas interpretaram o gesto como um suposto boicote ao fato da argelina ser uma pessoas trans.
Posteriormente, a lutadora da Itália esclareceu o fato dizendo que a desistência se deu por dores intensas no nariz, onde recebeu um soco.
Parlamentares brasileiros, como o deputado Nikolas Ferreira (PL - MG) e o senador Sergio Moro (União Brasil - PR) foram alguns perfis que espalharam a notícia falsa.
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