A Grande Orquestra do Mundo

A primeira parte da história de Henrique VI de Shakespeare

Adaptação da peça do autor


10/02/2022 23h59

Ouça o programa completo:


Com a morte de Henrique V as coisas começam a degringolar. Como Henrique VI ainda é um bebê na ocasião da sucessão, a coroa passa a não ter dono. Os franceses recuperam os territórios perdidos, o Delfim é empossado novamente como Rei da França e Talbot, um grande general inglês, sofre sucessivas derrotas. Conspirações e inúmeros pretendentes à herói surgem agora de tudo quanto e lado, e Shakespeare mais uma vez repete seu mantra: depois de um momento de glória, vem a tempestade. Para o Bardo Inglês, nada é íntegro demais que não possa ser corrompido. Feito um brinquedo em que se empilham blocos de madeira, uma peça mal encaixada e todo o edifício desmorona num segundo.

As guerras civis que aconteceram na Inglaterra intermitentemente por quase cem anos ficaram conhecidas como Guerra das Rosas. Os Lancaster e os York eram os Capuletos e Montecchios da Inglaterra Medieval, algo como o time do Palmeiras versus o time do Corinthians, ambos de chuteiras e gola elisabetana no pescoço atrás da taça do campeonato. A rivalidade de 100 anos de ambas as famílias, York e Lancaster, era uma coisa parecida ao que acontece com adversários esportistas - ao invés no caneco, o trono da Inglaterra, e muito lobby e negociatas rolando nos bastidores. O nome ‘Guerra das Rosas’ deve-se ao símbolo dos brasões dos Lancaster, que é feito de rosas vermelhas, e dos York, que é representado por rosas brancas. Como no campo de futebol, também nesta contenda entre famílias havia uniformes!

De uma maneira menos poética e mais direta, Shakespeare nos alerta de que em um Estado fraco com um governante covarde o que impera são as milícias internas, fazendo brotar a corrupção responsável por destruir o país por dentro.

No território francês o destaque fica para Joana D’Arc, que Shakespeare desenha como uma figura controversa: ao mesmo tempo uma bruxa e prostituta, e também exímia guerreira de coragem exemplar. Para a satisfação da rainha Elisabeth, uma fiel espectadora dos espetáculos de Shakespeare, o exército inglês – ainda que reduzido e fragilizado por disputas internas – prevalece, dando sobrevida ao rei para a sequência da história. Joana D’Arc tem o destino que conhecemos: presa e conduzida para ser queimada viva na fogueira.

E este é um programa que tenta comprovar que Shakespeare é o grande decifrador da alma humana. Seja na Inglaterra elisabetana ou no Brasil de hoje, ele permanece sempre vivo, bastante próximo a cada um de nós.

ÚLTIMAS DO FUTEBOL

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Secretaria de Saúde de SP dá dicas para evitar intoxicação infantil durante as férias

EUA receberam informações de plano iraniano para assassinar Donald Trump; Irã nega

Aeroporto de Porto Alegre será reaberto em outubro, diz ministro

Militares custam 16 vezes mais à União do que aposentados do INSS, revela TCU

Concurso TSE Unificado: calendário das provas é alterado; veja mudanças